segunda-feira, 14 de março de 2011

Psicologia e Mulheres Diagnosticadas com Câncer de Mama




A raiva irracional é o alívio para que indivíduo possa aceitar melhor sua situação e condição atual: ter câncer de mama.

Terceiro estágio: barganha - Sendo mais conhecido, esse estágio é uma tentativa de adiantamento, quando, depois da percepção do indivíduo, por mais raiva que se tenha, ninguém o salvará.
A maioria das barganhas são feitas com Deus, e mantidas geralmente em segredo, onde pede-se alguma coisa e dá-se outra em troca outra. Após ter tentado inúmeras barganhas e percebendo-se impotente, o individuo não tem mais força para lutar por sua recuperação, desistindo de tudo, entrando assim no quarto estágio, caracterizada pela depressão.

Quarto estágio: depressão - É quando o indivíduo não pode mais negar sua doença, quando é forçado a internações, ou quando começa a apresentar novos sintomas, tornando-se mais debilitado, magro, não podendo esconder sua doença. É o sentimento psíquico de quem percebe a realidade como ela vem a se apresentar, com todas as perdas e dificuldades existentes. Graner (et al,2008) descrevem que estudos, sobre depressão em mulheres com câncer de mama, que passaram por algum procedimento invasivo, como cirurgias, possuem maior tendência a apresentar depressão do que aquelas que se encontram no início da doença, sendo um momento que se sentem fragilizadas proporcionando maior probabilidade de desenvolvimento do transtorno psiquiátrico.

Quinto estágio: aceitação - Depois de sobreviver a depressão, ocorre a aceitação, esta pela possibilidade de morte e inicio de uma expectativa menos tensa em relação à proximidade do seu fim. O individuo, agora paciente, torna-se mais silencioso. Seus interesses pelas coisas da vida vão diminuindo significativamente. Quando muito debilitada, a paciente tem dificuldades de se reconhecer nessa fase, pois estando apreensiva por sua condição, muitas vezes sentindo dores e mal estar, teme por sua vida ou por seqüelas que, objetiva ou subjetivamente possam ocorrer.


Pettingale (1979) aponta basicamente quatro tipos de reações emocionais ao câncer de mama, são:
Negação – envolve a desconsideração dos riscos inerentes à doença e a evitação do assunto.
Estorcismo – marcado pelo conformismo e pela resignação dado que leva a doença a ser concebida como uma fatalidade, obra do destino.
Aflição- torna o discurso do paciente monopolizado por preocupações referentes ao câncer ou promove significativa expressão de angústia.
Enfrentamento- implica numa busca ativa por informações sobre o diagnóstico e tratamento, engajando o indivíduo numa luta pessoal contra a doença.
Meyerowitz (1987) atribui em três aéreas o impacto psicossocial na vida da mulher com câncer de mama, sendo:
a- Desconforto psicológico frente a ansiedade, depressão e raiva.
b- Mudança no padrão de vida da mulher como desconfortos físicos, separação no casamento ou vida sexual e nível de atividade alterada.
c- Medos e preocupações existentes na mulher com câncer de mama referente a mastectomia, perda do seio, morte.

Venâncio (2004) ressalta que todos esses fatores emocionais na vida da mulher com câncer de mama, influenciam no sucesso do tratamento e da reabilitação, assim como em sua qualidade de vida.
Com o câncer surgem os meios de defesa psicológica, tendo por finalidade a luta contra angústia, ansiedade, preocupação frente à doença, estabelecendo assim um novo modo de relação: a mulher doente consigo própria.
Ainda de acordo com a autora acima após o choque e as fases do conflito interno que a mulher passa com o câncer de mama, a mesma aceita por fim seu diagnóstico e começa o tratamento.
Bergamasco & Angelo (2001) afirmam que o tempo de espera entre os exames e confirmação de diagnóstico são traduzidos em sinais de ansiedade, angústia e desamparo podendo ser preenchido com pensamentos de morte e pânico.

Peçanha (2008) expõe que a depressão no câncer de mama é apontada como conseqüência psicossocial significativa em mulheres com essa demanda, a ameaça de ser revelada uma recidiva ou ainda a própria recidiva, engloba parte das alterações psicológicas presentes em qualquer momento do curso do tratamento.
LeShan (1992) afirma que os conflitos emocionais podem continuar afetando a saúde, podendo até a haver a recidiva da doença,ou seja, sucesso das técnicas cirúrgicas não diminui a necessidade de compreensão dos fatores psicológicos envolvidos, ajudando aquelas pacientes que precisam elaborar e enfrentar essa crise, onde a intensidade das experiências emocionais no processo doença pode postular uma interferência na saúde com variações desde simples experiência em torno da vivência da mulher acometida pelo câncer, até traumas marcantes.

Fongaro & Sebastiani (2003, p.47) definem esperança como “uma manifestação psíquica que demonstra a permanência de projeto de vida e expectativas frente a esta”.
Barros (2008) menciona ser sábia que a religiosidade e a espiritualidade influenciem favoravelmente na reenergização e no enfrentamento da doença, ajudando nos momentos de crise, no qual pode trazer sentido a vida.
Elkins (2000) afirma que a espiritualidade pode ser definida como um modo de ser e de sentir, sendo caracterizado por certos valores identificáveis com relação a si mesmo, aos outros, a vida.

Liberato & Macieira (2008) ressaltam que a espiritualidade é universal, disponível para qualquer ser humano, não se restringindo a uma religião, cultura ou grupo de pessoas.
Para Gimenes (2002) a espiritualidade trata-se de um processo de extrema importância em momentos difíceis que proporciona uma visão própria da vida e do mundo.
Segundo Meraviglia (2006) qualquer indivíduo que venha a receber um diagnóstico de câncer experimenta um grande sofrimento causado pelo abalo em seu estilo de vida como conseqüência da doença seu tratamento e os efeitos colaterais presentes, sendo que alguns desses indivíduos encontrarão, em sua espiritualidade ajuda para o enfrentamento das crises físicas e psicológicas em todo o processo saúde e doença.
Spink (2003) afirma que para entender a importância pessoal da doença, é preciso situar-se no contexto biográfico do sujeito, onde se deve ter em vista que a doença não elimina obrigatoriamente as metas e os desejos da paciente, podendo as mesmas aproveitar esse período para fazer uma revisão de vida, criando novos significados.

O adoecer é uma experiência única, de desordem que adquire um sentindo específico perante o contexto existencial da mulher, com significados que os sintomas, experiência perante ao tratamento e relações interpessoais possam ter no contexto de vida da mulher. Alguns fatores de risco devem ser avaliados com cuidado, como o risco de suicídio, pois as depressões incluem tentativas de suicídio, abandono da família.
Como já foi mencionado as mulheres portadoras do câncer de mama, passam por vários lutos até chegarem na realização dos tratamentos que podem ser: quimioterápicos, radioterápicos, hormonioterapicos e outras terapias associadas como a psicoterapia.
Apesar doa avanços da medicina, diante de um diagnóstico de câncer de mama, é comum a paciente sentir-se desestruturada e fragilizada. O âmbito social infelizmente, muitas vezes se faz pensar em câncer como uma idéia de morte, acompanhada de dor e sofrimento, e embora as reações emocionais variam de indivíduo para indivíduo, existem semelhanças quanto ao prognóstico psicológico diante dos acontecimentos, ou seja, cada paciente viverá esse momento único e individual.

Vieira, et al. (2005) ressaltam que as pacientes com câncer de mama vivenciam experiências de dor física e psicológica durante diferentes estágios da doença, no qual, ainda não é possível afirmar que todas as mulheres com câncer de mama, sintam as mesmas dores. Já que este é um conceito subjetivo, onde as experiências emocionais vividas por mulheres com câncer de mama influenciam assim todo o processo da doença, desde a aceitação até o tratamento, bem como na qualidade e intensidade da dor.

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