domingo, 11 de dezembro de 2011

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

mulheres,câncer de mama e problemas sexuais




Efeitos psicológicos representam principal causa das disfunções sexuais, afetando sete em cada dez mulheres, segundo estudo. Mulheres que passam por mastectomia ou reconstrução mamária não veem mais o corpo da mesma forma.

Sete em cada dez mulheres que sobrevivem ao câncer de mama sofrem disfunções sexuais, segundo um estudo que aponta como causa principal os efeitos psicológicos da cirurgia mamária.

Mary Panjari, pesquisadora da Universidade Monash de Melbourne (Austrália), publicou o trabalho nesta semana, informou o site americano especializado "Health".

Os cientistas entrevistaram mil pacientes com menos de 70 anos que sobreviveram ao câncer de mama e mais de 80% disseram que sua vida sexual antes da doença era satisfatória.

No entanto, dois anos depois do diagnóstico, 70% das entrevistadas reconheceram que tinham "problemas sérios" na cama, embora os autores do estudo tenham advertido que essa porcentagem pode estar exagerada, já que a memória tende a idealizar o passado.

Apesar da controvérsia, o número contrasta com os estudos sobre mulheres adultas a esse respeito. Destas, apenas 45% dizem ter complicações sexuais. A imagem que as mulheres têm de seu corpo é fundamental, segundo o estudo.

Um terço das mulheres que foram tratadas e conservaram a mama se sentia incomodada com sua aparência, mas a porcentagem aumenta para 60% entre aquelas que sofreram mastectomia.

Quanto à cirurgia de reconstrução mamária, não pareceu apresentar efeito positivo no aspecto psicológico, já que as pacientes tinham uma imagem negativa de seu físico similar às que perderam um ou dois seios.

Outros fatores também podem ser os remédios que precisam tomar durante os tratamentos cancerígenos que podem inibir a produção de estrogênios, um hormônio feminino essencial para assegurar a satisfação sexual das mulheres.

Os estudiosos associam as disfunções aos sintomas da menopausa que são desencadeados pelos tratamentos que as pacientes recebem.

Amanhã, tem mais sobre o assunto!!!!!!!



Fonte: http://www.ligacontraocancer.com.br/novidades/maioria-das-mulheres-que-tiveram-cancer-de-mama-sofre-com-problemas-sexuais/230

e http://www.amigasdopeito.com/

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

continuação.. Mulheres com câncer de mama e transtornos mentais..




No estudo de Derogatis (op cit.) realizado com 215 pacientes internados e ambulatoriais de 3 centros oncológicos, 47% desta população apresentaram quadros psicopatológicos, dentre os quais, 85% têm quadro de ansiedade e/ou depressão, sendo 68% ansiedade ou depressão reativa (quadros de ajustamento), 13% depressão maior, 8% quadro cérebro-orgânico, 7% transtorno de personalidade e 4 % transtorno de ansiedade pré-existente.

A alta prevalência de transtornos psiquiátricos em pacientes com câncer é esperada, visto que esses pacientes convivem com a dor, o desfiguramento, a perda da função sexual, a dependência, o isolamento, a separação e a morte, além dos efeitos colaterais da quimio e radioterapia. ALMEIDA( 2011)

Fráguas Jr. e Alves (2002) citados por Almeida (2011) afirmam que a depressão associada a doenças clínicas é, em geral, subdiagnosticada principalmente pela dificuldade em se identificar os sintomas depressivos, visto que alguns destes sintomas, como insônia, diminuição da concentração, inapetência, emagrecimento e fraqueza são encontrados em outras doenças não psiquiátricas e, portanto, podem ser atribuídos exclusivamente a estas. Contudo, segundo Massie e Holland (citados em Citero et al., 2001), entre os sintomas somáticos da depressão que se misturam com os sintomas da própria doença oncológica, o único que pode expressar o quadro da depressão é a insônia, por ser o único que não se justifica pelo câncer.

Estes autores ainda (2002) chamam atenção para a necessidade de um diagnóstico precoce e tratamento, uma vez que a depressão acarreta, além do comprometimento da qualidade de vida, aumento da morbidade e mortalidade decorrentes da condição médica, aumento do tempo de internação, aumento do risco de taquicardia ventricular, diminuição da adesão ao tratamento e à reabilitação.

Outro fator psicológico muito comum entre os pacientes com câncer é o transtorno de ajustamento, atingindo 25% a 30% dos pacientes. (Venâncio, 2004).

Almeida (2011) enfatiza a relação à ansiedade, seu grau é extremamente variável em pacientes com câncer, podendo aumentar segundo a evolução da doença ou conforme a agressividade do tratamento oncológico. Os pacientes podem começar a experimentar ansiedade moderada ou severa enquanto esperam os resultados dos exames diagnósticos, ou enquanto recebem o tratamento, podendo aumentar a possibilidade de sofrer mais dor, bem como uma série de outros sintomas, desde angústia até as náuseas e vômitos agravados pelas emoções. Além de reduzir gravemente a qualidade de vida, a ansiedade pode favorecer a morte prematura do paciente. (Ballone, 2005a; op cit., 2005b).

Almeida (2011) postula que pacientes já possuidores de transtorno específico de ansiedade antes de adoecerem têm mais probabilidade de recorrência do quadro. Outros fatores que podem aumentar a probabilidade do transtorno são: concomitância de quadros dolorosos intensos, concomitância de limitações funcionais ou de carência de apoio social e consiência do avanço da doença
As alterações psicológicas por que passam as mulheres podem, ainda, ser demonstradas pelos conflitos relacionados aos mecanismos de defesa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Almeida, Raquel Ayres http://psicoterapiaepsicologia.webnode.com.br/products/raquel-ayres-de-almeida1/. Acesso em 04/12/2011.
Ballone, G.J. (2005a). Ansiedade no paciente com câncer. Acesso em 01/12/11. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/
Ballone, G.J. (2005b). Câncer e Emoção. Acesso em 01/12/11. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/
Ballone, G.J. (2005c). Depressão e Câncer. Acesso em 01/12/11. Disponível em http://www.psiqweb.med.br/
Cantinelli, F.S.; Camacho, R.S.; Smaletz, O.; Gonsales, B.K.; Graguittoni, E. & Rennó, J., Jr. (2006). A oncopsiquiatria no câncer de mama: considerações a respeito de questão do feminino [Versão eletrônica]. Revista de Psiquiatria Clínica. Disponível em http://www.hcnet.usp.br/ipg/revista/
Cítero, V.A. (1999). Descrição e avaliação da implantação do serviço de interconsulta psiquiátrica no Centro de Tratamento e Pesquisa Hospital do Câncer A.C. Camargo. Tese de Mestrado, Departamento de Psiquiatria da UNIFESP. Acesso em 18/03/07. Disponível em http://www.unifesp.br/dpsiq/posgrad/teses.htm/
Citero, V.A.; Andreoli, S.B.; Martins, L.A.N. & Lourenço, M.T. (2001). Interconsulta psiquiátrica e oncologia: interface em revisão. Disponível em http://www.unifesp.br/dpsiq/polbr/ppm/especial01.htm
Fráguas Jr., R. & Alves, T.C.T.F. (2002). Depressão no hospital geral: estudo de 136 casos [Versão eletrônica]. Revista da Associação Médica Brasileira. 48 (3). Disponível em http://www.scielo.br/

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mulhres com Câncer de Mama e Transtornos Mentais




Para a mulher diante do diagnóstico como o de câncer de mama, os sentimentos como: angústia, estresse e tristeza podem ser considerados reações normais frente á crise que se enfrenta diante o primeiro momento da revelação do diagnóstico.

Esses sentimentos, permeados diante um dos medos mais temidos pelo ser humano como a morte, acarretando a interrupção dos planos feitos para o futuro, abrangendo ainda mudanças em torno do seu contexto biopsicossocial, estilos de vida, e questões financeiras.

Em decorrência a tantas situações de desgaste a nível psicológico, devemos considerar que nem todos os pacientes sofrem de depressão.

Almeida (2011) menciona a capacidade de elaborar o adoecer, que depende do nível de ajustamento emocional de cada paciente, do momento que está passando em sua vida com planejamentos futuros, presença da rede de amigos e familiares, da doença em si, assim incluindo seus sintomas e presença ou não de dor, do sítio do câncer do tratamento referido e o prognóstico.

Para tanto, a sobrecarga emocional que o diagnóstico do câncer representa pode desencadear reações de ajustamento, ansiedades, quadros afetivos e psicoses (Cantinelli ET al;2006, Cetro; Andreoli;Martins e Lourenço, 2001).

continuação amanhã......

domingo, 25 de setembro de 2011

Cuidados Paliativos





A denominação “Cuidados Paliativos” vem sendo usada em conjunto ou alternadamente com a palavra que vem do latim, Hospice. A palavra Hospice é usada para definir uma casa ou lugar onde são atendidos os pacientes fora dos recursos da cura. Podemos considerar Hospice não apenas um local, mas uma filosofia de trabalho e de vida, portanto, a preocupação maior dos cuidados paliativos está em acrescentar qualidade aos dias de vida dos pacientes e não prolongar essa vida. Assim sendo, os enfermos recebem cuidado total no aspecto físico, psicológico, mental, social, familiar e espiritual.

Foi o conceito de dor total que revolucionou o tratamento às pacientes gravemente enfermas, proposto por Cicely Saunders, enfermeira inglesa, posteriormente médica e assistente social, que em 1967 fundou o St. Christopher’s Hospice em Londres, com a intenção de tornar digna e confortável a vida restante - Fundamento dos cuidados paliativos. No Brasil já despontaram algumas experiências de atendimento, baseadas nessa filosofia.

Os princípios e práticas de Cuidados Paliativos devem ser aplicados em situações de doenças crônicas, de acordo com as necessidades apresentadas em cada doença. Em um primeiro momento, prevalecendo os tratamentos e as ações curativas, e em segundo plano as ações suplementares de qualidade de vida. Na medida em que a doença evolui, e os procedimentos evasivos tornam-se ineficazes, as ações paliativas devem prevalecer, com o foco humanitário de dar o melhor conforto possível ao paciente. Importante observar que essas decisões devem ser discutidas, sempre quando possível, entre a equipe de cuidadores e pacientes, onde também deverá haver a participação dos familiares.

http://www.mamainfo.org.br/

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O que eu aprendi com o câncer de mama



Achei lindo.. compartilhando :)

Aprendi que família é essencial,
Aprendi que a cura dependia muito do meu esforço e da fé em Deus,
Aprendi que existe limitações,
Aprendi que viver é tudo,
Aprendi que amigos nem sempre são o que eu imaginava,
Aprendi que estar doente muitas pessoas vão embora e que milhares querem nos ajudar,
Aprendi que internet ajuda muito,
Aprendi que confiar nas pessoas é difícil,
Aprendi a me cuidar mais,
Aprendi a me amar,
Aprendi que dinheiro não é tudo na vida ,
Aprendi que ser humilde é um lindo passo de aprendizado,
Aprendi que confiar nos médicos é resultado de felcicidade,
Aprendi que chorar faz bem e sorrir é melhor ainda,
Aprendi que existe casos piores que o meu,
Aprendi que respirar é a melhor coisa que tem na vida,
Aprendi que perder um órgão não muda meu caráter,
Aprendi que rezar é muito importante,
Aprendi que perder tempo reclamando não ajuda em nada,
Aprendi que a dor existe mas a da alma é bem pior,
Aprendi que o mar está bem aqui e eu tenho que ir sempre,
Aprendi que o sol hoje não é mais meu grande amigo, mas sempre vai brilhar para mim.
Aprendi que a alimentação balanceada vai me fazer bem,
Aprendi que o ódio e a raiva me deixa mais doente,
Aprendi que tenho que perdoar sempre,
Aprendi que não posso ter dó de mim e nem de outras pessoas,

Aprendi que minhas amigas virtuais são maravilhosas,
Aprendi que eu sou uma vencedora,
Aprendi que a cura do câncer existe,

Aprendi que a cruz que Deus me deu para carregar não foi tão pesada assim e que a carreguei com a cabeça erguida.

Deus, obrigada por me propocionar a oportunidade de ter esta doença e de fazer dela um grande aprendizado.

Virna Soledade

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

QUESTÕES MAIS FREQUENTES EM PSICO-ONCOLOGIA




compartilhando....

O Que a Psico-oncologia pode fazer pelo paciente que acaba de receber o diagnóstico de câncer?

Neste momento, o paciente sente muito medo e na maioria das vezes associa o diagnóstico à morte.A depressão também aparece com frequência. Estudamos juntos o "caso", preparamos o paciente para os próximos passos ( quimioterapia, radioterapia, cirurgia,...)Trabalhamos o medo da morte (que todos temos, mas ele aumenta neste momento) e buscamos juntos a força da Vida.

2)O que fazer com o paciente que enfrenta o "desgaste" de um tratamento prolongado?

Fazemos uma avaliação de vida, salientamos os momentos de vitória no passado, traçamos metas para o futuro e vamos buscar Esperança.

3) O que deve mudar na vida de um paciente de câncer?

Tudo aquilo que não estiver do seu agrado. Se a meta é ser feliz, nada justifica uma vida sem prazer.

4)Que técnicas se usa com o paciente de câncer?

Trabalhamos com a visualizacão do sistema imunológico se defendendo e atacando as células cancerígenas, relaxamento e meditacão, acompanhamento de familiares e cuidadores, melhora na qualidade de alimentação(muitas vezes com nutricionistas), sugestão de exercícios físicos (academias, fisioterapias, yoga, etc.)buscando um quadro de melhora como um todo.

5)É necessário o acompanhamento familiar?

Não só necessário como fundamental, família, parceiro(a), filhos, irmãos, pais, amigos, enfim, as pessoas próximas. Assim também como uma troca multidisciplinar com os profissionais envolvidos no processo. Forma-se um "mutirão de ajuda".

6)A psico-oncologia cura o câncer?

A psico-oncologia tem um papel muito importante na cura, o de restaurar a auto-confianca do paciente, a esperança e o desejo de lutar, pois sem esses fatores; sem que o paciente queira viver, não há cura!

http://psico-oncologia.sites.uol.com.br/

sábado, 10 de setembro de 2011

câncer colorretal




Para o paciente com câncer colorretal,acaba absorvendo várias questões com impacto no funcionamento de sua vida. Questões essas influenciadas desde diagnóstico do câncer e por questões psicológicas relacionadas às funções digestivas, trazendo sentimentos delicados como medos e ansiedades perante a nova e traumática experiência.

o paciente que necessitar da cirurgia para o uso de uma ostomia temporária ou definitiva, quase sempre pode ter sensações e pensamentos negativos diante desta situação delicada, sentindo-se assim fragilizado, implicando assim em uma perda de estrutura do corpo, podendo causar sofrimento físico e psíquico constando numa necessidade de um suporte clínico de componentes da equipe de saúde especializada e humanizada. Desse modo, o cuidado no acompanhamento do câncer colorretal é importante para assegurar o suporte emocional, promovendo qualidade de vida da pessoa. Pensa-se em qualidade de vida, pois pacientes que se submeteram à ostomização podem sofrer para reassumir a própria autoimagem, comprometendo assim a autoestima, o que traz, muitas vezes, complicações nas funções do dia-a-dia, entre elas a sexual. A bolsa de colostomia passa a fazer parte constante de suas vidas e pode ser uma fonte de sentimentos negativos. A alteração em relação à imagem corporal, decorrente da cicatrização ou pelo fato do reservatório ficar visível, pode gerar desconfortos e inseguranças de uma forma global.

Sentimentos de baixa estima e inferioridade só corroboram com os sintomas físicos para interferência negativa na qualidade de vida. Trabalhando para a reconstrução da autoestima e auto imagem melhorada o paciente pode conduzir-se a sentimentos de autoconfiança, valor, força, capacidade e suficiência. O paciente pode ficar vulnerável a problemas psicossociais, ansiedade e depressão, por exemplo, e o indicado para se adaptar melhor à cirurgia é que a pessoa tenha uma poderosa rede de apoio. Amigos, familiares, profissionais especializados e atendimentos psicológicos ou participação em grupos de apoio, sempre de forma compreensiva, promovendo o autocuidado, o manejo com essa nova situação e a aceitação de sua imagem corporal, podendo buscar novos significados para sua vida, retomar sentimentos agradáveis e trilhar um novo caminho, conseguindo superar os obstáculos.

http://www.clinionco.com.br/

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Poesia..




Com carinho aos pacientes oncológicos em especial aos pacientes do NACAC ( Núcleo de Amparo a crianças e adultos com câncer)


Doenças

Muitas doenças que as pessoas têm são poemas presos
abscessos tumores nódulos pedras são palavras
calcificadas
poemas sem vazão
mesmo cravos pretos espinhas cabelo encravado
prisão de ventre poderia um dia ter sido poema
pessoas às vezes adoecem de gostar de palavra presa
palavra boa é palavra líquida
escorrendo em estado de lágrima
lágrima é dor derretida
dor endurecida é tumor
lágrima é alegria derretida
alegria endurecida é tumor
lágrima é raiva derretida
raiva endurecida é tumor
lágrima é pessoa derretida
pessoa endurecida é tumor
tempo endurecido é tumor
tempo derretido é poema
palavra suor é melhor do que palavra cravo
que é melhor do que palavra catarro
que é melhor do que palavra bílis
que é melhor do que palavra ferida
que é melhor do que palavra nódulo
que nem chega perto da palavra tumores internos
palavra lágrima é melhor
palavra é melhor
é melhor poema

Viviane Mose

(Psicóloga, Psicanalista, Poetisa, Mestre e Doutora em Filosofia)

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A cura da doença oncohematológica e o medo persistente dos pais: algumas considerações




Rita de Cássia Macieira, psicóloga; psico-oncologista pela Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia (SBPO)


Receber o diagnóstico de uma doença oncohematologica em sua criança pode ser uma das noticias mais avassaladoras que os pais conseguem suportar. O futuro promissor e feliz, tantas vezes sonhado, encontra-se ameaçado. O medo toma conta dos corações e a incerteza, causada pela ameaça de morte, converte o dia a dia em um pesadelo. As estatísticas mostram que sucesso do tratamento é cada vez mais uma realidade. Este dado traz algum alívio e aumenta a esperança. Mas a apreensão ainda persiste - e se o tratamento não der certo? E se algo acontecer com meu filho? - são as perguntas mais comuns.

A sensação de irrealidade e o trauma gerado a partir do momento do diagnóstico permanecem durante o tratamento e muito tempo após o seu término. A angústia e o medo de uma recidiva se mantêm presentes no campo da consciência.

Com a confirmação do diagnóstico todas as energias físicas e psíquicas da família são canalizadas para a sobrevivência e para a possibilidade de cura da criança adoentada. E mesmo quando a cura realmente acontece, os pais ainda não conseguem se tranqüilizar. Danièle Brun, psicanalista francesa, em seu importante trabalho intitulado "A criança dada por morta: os riscos psíquicos da cura"[1] ,fala da situação paradoxal que vivem os pais, especialmente a mãe, das crianças curadas de câncer. Segundo a autora, uma criança nascida da fantasia dos seus pais, se opõem à existência da criança real curada. Mesmo após a recuperação física, esta criança continua marcada com o selo da morte, mantendo o processo de luto vivenciado pelos seus próximos. E é "indispensável enveredar por estes desvios para constatar a mobilidade de que é objeto a identidade da criança doente: transposições e mutações nas fantasias daqueles que a doença reúne à sua volta." A ajuda terapêutica precisa levar em consideração essa criança fantasiada, tida como morta, para se entender e atenuar os efeitos traumáticos ligados à notícia da cura.



As mudanças de rotina

O nosso inconsciente não conhece a doença e a morte. Este é um dos motivos que ouvir que nós estamos doentes ou alguém da nossa família causa uma sensação de irrealidade. As nossas emoções e mecanismos adaptativos de defesa contra o medo também contribuem bastante. E depois, em nosso contexto sociocultural, o adoecimento é um obstáculo ao nosso progresso. Com o diagnóstico, sentimentos intensos de perda, abandono e culpas aparecem em todos os envolvidos e decorrem da situação clínica da criança ou são intensificados por experiências passadas[2]. A adaptação dolorosa e a até então, desconhecida realidade, exigirá uma série de mudanças na rotina e mesmo na dinâmica familiar. É preciso tempo para a assimilação psicológica desta nova situação.

As mudanças no curso da vida familiar que começam com a confirmação da doença continuam durante o curso do tratamento. No turbilhão de pensamentos e emoções despertados no processo, é difícil se concentrar em algo que não a necessidade imediata. Desafios e obstáculos são vencidos diariamente: inicio do tratamento, recaídas, comorbidades, dificuldades. Muitas vezes, um dos pais passa a se dedicar integralmente à rotina do tratamento. Quando isto acontece, há uma cisão com a vida profissional e conseqüente alteração no padrão socioeconômico da família. Irmãos também podem se ressentir pelo investimento reservado à criança doente. Por um lado, isto pode causar sensação de abandono, chegando até o adoecimento. Por outro, pode conduzir a uma sensação de independência. O retorno à normalidade familiar após o tratamento e reabilitação representa mais uma alteração mental e estratégica, nem sempre sem atritos.

Durante todo o processo de tratamento e após este, a ajuda de um psico-oncologista pode ser importante no desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, no treinamento de habilidade de gerenciamento de estresse, ou a colocar a situação em perspectiva e ainda, ao fornecer apoio emocional nas crises.


Reorganização da vida após a alta hospitalar


Duramente a princípio, o tratamento da doença oncohematologica vai estabelecendo uma nova rotina na vida da criança e de seus pais, que inclui muitas idas ao hospital, internações e exames. Enfim, chega o tão esperado momento da alta hospitalar.

Mesmo sendo tão desejado este é também um momento de muita ansiedade, que exigirá um novo esforço de adaptação. Até então, a responsabilidade e os cuidados com a criança eram compartilhados entre os pais e equipe de saúde. Com a alta hospitalar os pais terão que se reapropriar dos cuidados com o seu filho e conviver com o medo da recidiva.

A espada de Dâmocles é uma alusão frequentemente usada para remeter à precariedade do poder que as pessoas têm sobre os perigos que podem lhes acometer a qualquer momento, desestabilizando suas vidas. Conta a historia que diretamente sobre a cabeça do rei Dionísio de Siracusa (século IV A.C.) pendia uma afiada espada, suspensa por um único fio de rabo de cavalo, simbolizando a fragilidade humana e o medo, mesmo para um rei.

Assim, todas as pessoas convivem com a incerteza porque a espada de Dâmocles pende suas cabeças. Medo do futuro, da violência que assola as grandes cidades ou da morte. Mas o paciente curado de câncer ou seu familiar podem ter a consciência constante da presença dela. E isto pode trazer um sentimento de ansiedade, o medo de uma desgraça iminente. Receber a alta hospitalar pode fazer este medo recrudescer - e se eu não perceber que o câncer voltou?

Pais de crianças curadas podem se sentir desprotegidos longe da equipe de saúde. Ou ainda, sentirem que não têm informação suficiente sobre como lidar com suas limitações, frustrações, desafios ou com as seqüelas físicas e/ou psicológicas deixadas pela doença.

A reinserção escolar é outro fator angustiante para os pais. Os efeitos do preconceito, da curiosidade e do medo da exposição social na escola são estressantes para as crianças e causam sofrimento psíquico nos pais. Parece haver uma tendência a um conluio entre pais e filhos para protelarem este momento de adaptação a uma nova realidade passível de criar incertezas e ansiedades. Informações e orientações sobre as especificidades da doença de seu aluno, sobre os tratamentos a que será submetido e acerca dos avanços terapêuticos, são importantes instrumentos de ação para os professores[3], pois lhes permitem antecipar questões, identificar e intervir para amenizar problemas apresentados pela criança ou no relacionamento desta com os demais alunos. Com estas medidas também será possível ajudar os pais a enfrentarem melhor seus medos sobre o retorno da criança à escola e a angustia de separação que isto gerará.

Adolescentes curados de câncer costumar afirmar que amadureceram com o adoecer, que aprenderam mais sobre perdão, compaixão e a valorizar a vida. Ainda assim podem se ressentir da superproteção parental desenvolvida nas diferentes fases do processo de tratamento. Contrariando o temor dos pais, os adolescentes precisarão ser incentivados para vencerem os sentimentos de isolamento social e preocupações com a auto-imagem[4]; precisarão ser autorizados à busca de independência, responsabilidade e crescimento existencial através da compreensão e assunção de seu processo. Eles, seus pais, necessitarão ajuda para estarem preparados para fazerem isto com propriedade.

Efeitos sobre o relacionamento conjugal dos pais

Como constantemente lembrado em toda literatura sobre o câncer e seus efeitos, vivenciar o diagnóstico e tratamento causa grande estresse no paciente e na família, não importa a idade do portador ou o tipo de doença. No entanto, o comportamento e o modo de organização familiar podem fazer diferença significante no enfrentamento do câncer e suas consequências.

Casamentos constituídos por uma sólida relação sofrem abalos, como se é de esperar. Todavia podem até se fortalecer no embate pela reconquista da saúde. Aqueles mais fragilizados, cercados por problemas ou pendências não resolvidas devem ser foco de mais atenção por parte da equipe de saúde, especialmente do psico-oncologista. Algumas vezes, o diagnóstico da doença na criança pode mesmo recuperar o relacionamento dos pais, fazendo os pares reavaliarem suas diferenças e redescobrirem o lado harmonioso e saudável da convivência.

Contudo pode acontecer que alguns casamentos não resistam e aconteça a separação do casal. Quando isto ocorre é necessário um cuidado maior tanto com as crianças quanto com os pais, notadamente com aquele que assume o papel de cuidador familiar principal, devido às repercussões psicossomáticas que o aumento de estresse pode causar, elevando o risco de complicações de saúde física e psíquica.

Outras vezes, durante o tratamento da criança, a resolução das dificuldades conjugais acumuladas passa para o segundo plano. Nesse momento, o olhar dos pais se prende aos cuidados com o filho adoecido, restando tempo e energia apenas para assuntos mais prementes. Com a cura da criança e a busca do retorno às condições normais de vida, as situações problemáticas congeladas voltam à superfície, talvez acrescidas por acontecimentos ocorridos durante o tratamento.

Pode acontecer também de pais que vivem uma relação relativamente harmoniosa em período anterior à doença se distanciarem durante o tratamento, mas ainda assim se manterem juntos. Com a cura do câncer, estes casais serão obrigados a reverem a problemática pendente.

Independente da qualidade do relacionamento, a cura da doença oncohematologica do filho representará alterações na dinâmica da vida conjugal. Algumas mudanças são muito positivas tais como ter mais tempo para cuidarem de si mesmos e para os outros filhos, retomada de antigos sonhos, possível melhora no padrão financeiro e esperança de ter encerrado um período difícil. Para aqueles que aprenderam a expressar entre si suas emoções, que aumentaram a cumplicidade e praticaram o exercício da conjugalidade, esta nova fase poderá ser de crescimento.



segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Corpo e Mente... Doença Psicossomática





Doença psicossomática é quando problemas psicológicos se tornam físicos. É um processo pelo qual a pessoa “transfere” para o organismo a carga emocional decorrente de algum problema que está vivendo.

A explicação seria que a pessoa, por não saber expressar suas emoções e internalizar seus conflitos de forma adequada, acaba por armazenar suas tensões em seu corpo.
Os problemas mais relatados pelos somatizadores são dor no peito, fadiga, tontura, dor de cabeça, inchaço, dor nas costas, falta de ar, insônia e dor abdominal.

A forma mental de enfrentar a situação seria, por exemplo:
- Fantasiar, racionalizar, negar ou rezar.
A maneira emocional de enfrentamento seria:
- deprimir-se, agredir, culpar os outros ou culpar-se, chorar e gritar.
Ainda existem algumas atitudes de enfrentamento atípico, que seriam:
- isolar-se, exibir-se, brincar, arriscar-se, comer, beber, transar, fumar, trabalhar excessivamente.

Distúrbios emocionais desempenham papel importante, precipitando início, recorrência ou agravamento de sintomas, distinguindo das doenças puramente orgânicas. Porém, elas podem se transformar em doenças crônicas. Tendem a associar-se com outros distúrbios psicossomáticos. Isso pode ocorrer numa família, em diferentes períodos da vida de um paciente ou em certos ambientes de trabalho e até de lazer. Geralmente esta conduta, que pode partir dos próprios médicos que acompanham o caso, gera muitas dúvidas ao paciente: “mas como é psicológico se está doendo?”; “mas é verdade, não é coisa da minha cabeça?”.

A hipótese de que uma pessoa tenha uma doença psicossomática não significa que a dor e a enfermidade não existem. Pelo contrário, o corpo realmente está em sofrimento, com dores, feridas, descontroles e descompensações orgânicas, que inclusive são até dificilmente controladas com as terapias medicamentosas e os recursos da medicina tradicional.

As doenças psicossomáticas podem se manifestar nos diversos sistemas que constituem nosso corpo, como por exemplo: gastrointestinal (úlcera, gastrite, reto colite);
respiratório (asma, bronquite);
cardiovascular (hipertensão, taquicardia, angina);
dermatológico (vitiligo, psoríase, dermatite, herpes, urticária, eczema);
endócrino e metabólico (diabetes);
nervoso (enxaqueca, vertigens);
das articulações (artrite, artrose, tendinite, reumatismos).

O diferencial mais importante para se considerar uma doença como psicossomática é entender que a causa principal desta descompensação física, que aparece no corpo, está na esfera emocional da pessoa, ligada, portanto à sua mente, aos seus sentimentos, à sua afetividade.

No organismo vivo, cada célula, ou melhor, cada grupo celular específico, possui funções próprias, que são muito específicas, para aquele tipo de função desempenhada por aquele órgão. Como é de se esperar, todos os nossos sentimentos, afetos e emoções impregnam essas células.
Senão, vejamos: quando ficamos com raiva, nosso organismo fica pronto ou para “fugir” ou para “lutar”, quando temos raiva, contraímos; nossos músculos ficam tensos, enquanto quando sentimos alegria, tranqüilidade, ocorre um abrandar dessas energias.

Existem Estudos que comprovam que pessoas mais fechadas, mais tensas e chegadas ao isolamento, tendem mais a desenvolverem quadros de tristezas, depressões e pessimismos. Seus corpos “sabem” o que as emoções lhes pedem e respondem com “obediência”, dando como resposta, quem sabe, uma cefaléia (dor de cabeça), uma gastrite (dor no estômago produzido por inflamação) ou quem sabe, uma doença do coração.

Às vezes, o que o corpo executou, não foi suficiente para redimir a pessoa da culpa, sobrevindo doenças mais graves, talvez, como uma desordenada proliferação de células defeituosas. Aliás, já foram comprovados em Estudos, que tais células sofrem um controle contínuo por nosso Sistema de Defesa Imunológico, que tem como finalidade, impedir uma produção desordenada de células anormais. Todos os componentes de nosso Sistema de Defesa Imunológico, ao que parece, estão ligados às emoções e sentimentos.

A doença é aquela verdade que a pessoa esconde de si mesma.

Portanto, se você se identifica com alguns destes sintomas, procure ajuda médica ou converse com um psicólogo. Esses profissionais ajudam a superar as dificuldades, especialmente na fase de diagnóstico. Mas lembre-se, depende muito de você mesmo querer se ajudar!

Somos muito mais competentes do que imaginamos para nos proteger e nos realizar. O que precisamos é acreditar nisso.

Fonte http://espiritualidadeamorpsicologia.wordpress.com/2008/12/09/doenca-psicossomatica-desequilibrio-corpo-e-mente/

domingo, 14 de agosto de 2011

A criança com asma e a doença psicossomática



Moura (2001) verificou que o aleitamento materno é muito importante na prevenção da asma, e constatou que um grande percentual (aproximadamente 50%) das crianças que sofriam de asma brônquica recebeu leite de vaca antes do sexto mês de vida e foram desmamadas completamente antes de completar o primeiro ano.

Winnicott (1982) afirma que a relação do bebê com a mãe durante a orgia da amamentação é intensa, incluindo a excitação da expectativa, a experiência da atividade durante a amamentação, bem como a sensação de gratificação, com o repouso acalmando as tensões resultantes da satisfação, facilitando o desenvolvimento emocional, visto que a mãe é tida como provedora das necessidades físicas, de segurança, calor e imunidade. Se a mãe tiver êxito na sua relação com o bebê, será estabelecida uma satisfatória amamentação, promovendo um desenvolvimento emocional saudável e uma existência independente.

A mãe que continuamente põe de lado as suas necessidades pessoais para satisfazer a dos seus filhos pode aparentemente estar dando amor, mas pode mascarar um egoísmo intenso, uma baixa auto-estima, o medo de conflitos e até mesmo uma rejeição inconsciente (Briggs, 1986).

Schappi (1987) refere que a amamentação materna por mais tempo e de forma amorosa se apresenta como a melhor forma de manter a saúde da criança. Destaca como o contato pessoal mãe e filho contribui para uma interação social e o desenvolvimento do estilo pessoal da criança. O estresse e a ansiedade da mãe podem impedir a amamentação, provocando um efeito contrário, podendo desenvolver dificuldade nas capacidades cognitiva, sensorial e motora.

Gofeto (1991) publicou as anotações das sessões psicoterapêuticas referentes à história de vida de uma criança asmática e a relação familiar. A mãe relata que tinha problemas conjugais desde a gravidez e que quando separou do marido pela primeira vez, sofreu crises depressivas. Não tendo suportado a separação, reconciliou-se. O pai da criança quando alcoolizado tornava-se agressivo. O parto foi demorado e a criança nasceu bem. A mãe relatou que no princípio sentiu raiva da filha, pois queria um menino. A criança não foi amamentada no seio, a mãe não tinha leite. Nos primeiros meses de vida a criança chorava muito com dores abdominais intensas e sempre com sono muito agitado. A mãe descreve a criança como submissa, introvertida, que tinha poucas amigas e era passiva nos jogos e brincadeiras. A mãe da paciente procura o atendimento psicolterápico quando a criança está com 10 anos e meio e suas crises de asma são constantes. No primeiro encontro demonstra sua baixa auto estima quando pega o boneco e fala “como ele é mal feito…é feio”.

No trabalho de ludoterapia demonstra através do desenho sua necessidade de uso de uma máscara para não respirar os venenos ambientais e conforme é trabalhado a criança consegue colocar sua insatisfação com a vivencia familiar através do choro, assim consegue liberar seu ódio, sua agressividade, melhorando o quadro clínico da asma. Durante o tratamento outras crises de asma acontecem quando os conflitos geram ansiedade na área do relacionamento interpessoal.

Kreisler (1987) identifica que devido às desordens psicossomáticas o bebê poderá desenvolver patologias mais precoces, provocadas por condutas alimentares, envolvendo constantes intervenções interdisciplinares. Em seus estudos, observou distúrbios funcionais de repetição e de caráter lesionais no caso de doenças asmáticas complicadas por infecção ou insuficiência respiratória. Para Kreisler, esta patologia somática severa aparece devido a frustrações graves, uma interação crônica vazia, e a separações repentinas entre a mãe e a criança.

Peçanha (1997) realizou uma pesquisa com dez crianças asmáticas leve, de 7 a 8 anos e suas famílias, que foram comparadas com outras dez crianças sem asma, ou problemas alérgicos, e suas respectivas famílias. Ambos os grupos encontravam-se emparelhados quanto à idade das crianças, a sua posição na dinâmica familiar, à escolarização, à idade dos pais e ao grau de escolarização da mãe.

O exame compreendeu: Teste do Desenho Colorido da Família, e Teste das Fábulas de Düss, realizados pela criança; Entrevista Familiar Estruturada, respondida pelos pais. Os resultados foram apoiados pelas teorias pertencentes à psicossomática e à abordagem sistêmica. O aparecimento da primeira crise asmática estava associado à falta de habilidade da criança para o enfrentamento de novas situações.

Tal dificuldade segundo Peçanha existiu pelo fato da própria família não saber lidar com circunstâncias que envolvem mudanças, sendo essas vivenciadas com intensa ansiedade.

A análise dos dados foi feita de forma quantitativa e qualitativa. Foram encontradas diferenças significativas em todos os padrões transacionais examinados nas famílias das crianças com asma, quando comparado ao grupo controle. O aparecimento da primeira crise apareceu associado à dificuldade de enfrentar situações novas, e à dificuldade da família de lidar com situações de mudança, vivenciada com muita ansiedade e conflito.

As crianças com asma apresentaram muitos problemas de comportamento e dificuldades emocionais para vivenciar situações transacionais com suas famílias. Suas famílias mostraram mais disfuncionais e a asma da criança aparecia como uma forma de não enfrentarem seus próprios problemas.

Fonte: http://www.psicologiananet.com.br/psicologia-hospitalar-a-crianca-com-asma-e-a-doenca-psicossomatica/2706/

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Depressão ou Tristeza






ENTREVISTA: Miguel Chalub

Achei muito bom este e-mail que o Psicólogo Wladimir Baptista enviou e estou compartilhando...

"O homem não aceita mais ficar triste"
Uma das maiores autoridades brasileiras em depressão, o médico diz que, hoje, qualquer tristeza é tratada como doença psiquiátrica. E que prefere-se recorrer aos remédios a encarar o sofrimento.
RECEITA

Chalub afirma que muitos médicos se rendem aos laboratórios farmacêuticos e Indicam antidepressivos sem necessidade.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prevê que a depressão será a doença mais comum do mundo em 2030 – atualmente, 121 milhões de pessoas sofrem do problema. Para o psiquiatra mineiro Miguel Chalub, 70 anos, há um certo exagero nessas contas. Ele defende que tanto os pacientes quanto os médicos estão confundindo tristeza com depressão. “Não se pode mais ficar triste, entediado, porque isso é imediatamente transformado em depressão”,disse em entrevista à ISTOÉ.

"Hoje, brigar com o marido, sair do emprego, qualquer motivo é válido para se dizer deprimido. Mas o sofrimento não significa depressão".

Professor das universidades Federal (UFRJ) e Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), ele afirma que os psiquiatras são os que menos receitam antidepressivos, porque estão mais preparados para reconhecer as diferenças entre a “tristeza normal e a patológica”. Mas o despreparo dos demais especialistas não seria o único motivo do que o médico chama de “medicalização da tristeza”. Muitos profissionais se deixam levar pelo lobby da indústria farmacêutica. “Os laboratórios pagam passagens, almoços, dão brindes. Você, sem perceber, começa a fazer esse jogo.”

"Há a tendência de achar que o medicamento vai corrigir qualquer distorção humana. É a busca pela pílula da felicidade".
Istoé:
- Por que tantas previsões alarmantes sobre o aumento da depressão no mundo?

Miguel Chalub:
- Porque estão sendo computadas situações humanas de luto, de tristeza, de aborrecimento, de tédio. Não se pode mais ficar entediado, aborrecido, chateado, porque isso é imediatamente transformado em depressão. É a medicalização de uma condição humana, a tristeza. É transformar um sentimento normal, que todos nós devemos ter, dependendo das situações, numa entidade patológica.

Istoé:
- Por que isso aconteceu?

Miguel Chalub:
- A palavra depressão passou a ter dois sentidos. Tradicionalmente, designava um estado mental específico, quando a pessoa estava triste, mas com uma tristeza profunda, vivida no corpo. A própria postura mostrava isso. Ela não ficava ereta, como se tivesse um peso sobre as costas. E havia também os sintomas físicos. O aparelho digestivo não funcionava bem, a pele ficava mais espessa. Mas, nos últimos anos, a palavra depressão começou a ser usada para designar um estado humano normal, o da tristeza. Há situações em que, se não ficarmos tristes, é um problema – como quando se perde um ente querido. Mas o homem não aceita mais sentir coisas que são humanas, como a tristeza.

Istoé:
- A que se deve essa mudança?

Miguel Chalub:
- Primeiro, a uma busca pela felicidade. Qualquer coisa que possa atrapalhá-la tem que ser chamada de doença, porque, aí, justifica: “Eu não sou feliz porque estou doente, não porque fiz opções erradas.” Dou uma desculpa a mim mesmo. Segundo, à tendência de achar que o remédio vai corrigir qualquer distorção humana. É a busca pela pílula da felicidade. Eu não preciso mais ser infeliz.

Istoé:
- O que diferencia a tristeza normal da patológica?

Miguel Chalub:
- A intensidade. A tristeza patológica é muito mais intensa. A normal é um estado de espírito. Além disso, a patológica é longa.

Istoé:
- Quanto tempo é normal ficar triste após a morte de um ente querido, por exemplo?

Miguel Chalub:
- Não dá para estabelecer um tempo. O importante é que a tristeza vai diminuindo. Se for assim, é normal. A pessoa tem que ir retomando sua vida. Os próprios mecanismos sociais ajudam nisso. Por que tem missa de sétimo dia? Para ajudar a pessoa a ir se desonerando daquilo.

Istoé:
- Quais são os sintomas físicos ligados à depressão?

Miguel Chalub:
- Aperto no peito, dificuldade de se movimentar, a pessoa só quer ficar deitada, dificuldade de cuidar de si próprio, da higiene corporal. Na tristeza normal, pode acontecer isso por um ou dois dias, mas, depois, passa. Na patológica, fica nas entranhas.

Istoé:
- Ainda há preconceito com quem tem depressão?

Miguel Chalub:
- Não. É o contrário. A vulgarização da depressão diminuiu o preconceito, mas criou outro problema, que é essa doença inexistente. Antes, a pessoa com depressão era vista como fraca. Hoje, as pessoas dizem que estão deprimidas com a maior naturalidade. Não se fica mais triste. Se brigar com o marido, se sair do emprego, qualquer motivo é válido para se dizer deprimido. Pode até ser que alguém fique realmente com depressão, mas, em geral, fica-se triste. O sofrimento não significa depressão. E não justifica o uso de medicamentos.

Istoé:

- Os médicos não deveriam entender este processo?
Miguel Chalub:

- Os médicos não estão isentos da ideologia vigente. O que acontece é: você vem ao meu consultório. Eu acho que você não está deprimido, que está só passando por uma situação difícil. Então, proponho que você faça um acompanhamento psicoterápico. Você não fica satisfeito e procura outro médico, que receita um antidepressivo. Ele é o moderno, eu sou o bobão. Para não ser o bobão, eu receito um antidepressivo logo. É uma coisa inconsciente.


Istoé:
- Inconsciente?

Miguel Chalub:
- Os médicos querem corresponder à demanda. Senão, o paciente sairá achando que não foi bem atendido. Receitando um antidepressivo, eles correspondem à demanda, porque a pessoa quer ser enquadrada como deprimida. Mas há a questão dos laboratórios. Eles bombardeiam os médicos.

Istoé:
- A ponto de influenciar o comportamento deles?

Miguel Chalub:
- Se for um médico com boa formação em psiquiatria, mesmo que não seja psiquiatra, ele saberá rejeitar isso, mas outros não conseguem. Eles se baseiam nos folhetos do laboratório. Não é por má-fé. Os laboratórios proporcionam muitas coisas. Pagam passagens, almoços, dão brindes. O médico, sem perceber, começa a fazer o jogo. Porque me pagaram uma passagem aérea ou me deram um laptop, acabo receitando o que eles estão querendo.

Istoé:
- O médico se vende?

Miguel Chalub:
- Sim. Por isso é que há uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibindo os laboratórios de dar brindes aos médicos. Nenhum laboratório suborna médico, não que eu saiba, nem vai chegar aqui e dizer: “Se você receitar meu remédio, vou lhe dar uma mensalidade.” Mas eles fazem esse tipo de coisa, que é subliminar. O médico acaba tão envolvido quanto se estivesse recebendo um suborno realmente.


Istoé:
- Esse lobby é capaz de fazer um médico receitar certo remédio?

Miguel Chalub:
- Aí é a demanda e a lei do menor esforço. Se o paciente chegar se queixando de insônia, por exemplo, o que o médico deveria fazer era ensiná-lo como dormir. Ou seja, aconselhar a tomar um banho morno, um copo de leite morno, por exemplo. Mas é mais fácil, tanto para o paciente quanto para o médico, receitar um remédio para dormir.

Istoé:
- Os demais especialistas também receitam remédios psiquiátricos, não?

Miguel Chalub:
- Quem mais receita antidepressivos não são os psiquiatras, são os demais especialistas. Os psiquiatras têm uma formação para perceber que primeiro é preciso ajudar a pessoa a entender o que está se passando com ela e depois, se for uma depressão mesmo, medicar. Agora, os outros, não querem ouvir. O paciente diz: “Estou triste.” O médico responde: “Pois não”, e receita o remédio. Brinco dizendo o seguinte: se você for a um clínico, relate só o problema clínico. Dor aqui, dor ali. Não fale que está chateado, senão vai sair com um antidepressivo. É algo que precisamos denunciar.

Istoé:
- Os psiquiatras deveriam ser os únicos autorizados a receitar esse tipo de medicamento?

Miguel Chalub:
- Não acho que seja motivo para isso. Os outros especialistas têm capacidade de receitar, desde que não entrem nessa falácia, nesse engodo.


Istoé:
- Mas os demais especialistas estão capacitados para receitar essas drogas?

Miguel Chalub:
- Em geral, não.

Istoé:
- É comum o paciente chegar ao consultório com um “diagnóstico” pronto?

Miguel Chalub:
- É muito comum. Uma vez chegou um paciente aqui que se apresentou assim: “João da Silva, bipolar”. Isso é uma apresentação que se faça? Quase respondi: “Miguel Chalub, unipolar”. É uma distorção muito séria.

Istoé:
- O acesso à informação, nesse sentido, tem um lado ruim?

Miguel Chalub:
- A internet é uma faca de dois gumes. É bom que a pessoa se informe. A época em que o médico era o senhor absoluto acabou. Mas a informação via Google ainda é precária. Muitas vezes, a depressão, por exemplo, é ansiedade. Mas as pessoas não querem conviver com a ansiedade, que é uma coisa desagradável, mas que também faz parte da nossa humanidade. Tenho uma paciente que disse: “Ando com um ansiolítico na bolsa. Saí de casa, me aborreci, coloco ele para dentro.” Então é isso? Se alguém me fala algo desagradável, eu tomo um ansiolítico? Isso é uma verdadeira amortização das coisas.

Istoé:
- O que causa a depressão?

Miguel Chalub:
- Esse é um dos grandes mistérios da medicina. A gente não sabe por que as pessoas ficam deprimidas. O mecanismo é conhecido, está ligado a uma substância chamada serotonina, mas o que o desencadeia, não sabemos. Há teorias, ligadas à infância, a perdas muito precoces, verdadeiras ou até imaginárias – como a criança que fica aterrorizada achando que vai perder os pais. As raízes da depressão estão na infância. Os acontecimentos atuais não levam à depressão verdadeira, só muito raramente. Justamente o contrário do que se imagina. Mas mexer na infância é muito doloroso. Não tem remédio para isso. Precisa de terapia, de análise, mas as pessoas não querem fazer, não querem mexer nas feridas. Então é melhor colocar um esparadrapo, para não ficar doendo, e pronto. É a solução mais fácil.

Istoé:
- O antidepressivo é sempre necessário contra a depressão?

Miguel Chalub:
- Quando é depressão mesmo, tem que ter remédio.

Istoé:
- Há quem diga que hoje a moda é ter um psiquiatra, não um analista. O que sr. acha disso?

Miguel Chalub:
- As pessoas estão desamparadas. Desamparo é uma condição humana, mas temos que enfrentá-lo, assim como o fracasso, a solidão, o isolamento. Não buscar psiquiatras e remédios. Em algum momento, isso pode ficar tão sério, tão agudo, que a pessoa pode precisar de uma ajuda, mas para que a ensinem a enfrentar a situação. Ensina-me a viver, como no filme. Não é me dar pílulas, para eu ficar amortecido.

Istoé:

- O que é felicidade para o sr.?

Miguel Chalub:

- A OMS tem uma definição de saúde muito curiosa: a saúde é um completo estado de bem-estar físico, mental e social. Essa é a definição de felicidade, não de saúde. Felicidade, para mim, é estar bem consigo mesmo e com o outro. Estar bem consigo mesmo é também aceitar limitações, sofrimento, incompetências, fracassos. Ou seja, felicidade também é ficar triste de vez em quando.

domingo, 7 de agosto de 2011

PSICOLOGIA/ EQUIPE DE SAÚDE ... AÇÃO EM PSICOLOGIA HOSPITALAR




Síntese de um artigo da psicóloga Daise Pereira.. muito bom...


Em nossa cultura atual se evidencia a valorização da saúde em prol de uma beleza estética, criou-se o mito do corpo perfeito, da competitividade, do poder, importando-se muito pouco com o ser. Logo, a boa saúde é assim relacionada pela boa estética, e não pela qualidade de vida. Em decorrência disso, percebe-se que a sociedade ocidental não possui um preparo adequado para adoecer, onde ao vivenciar uma situação de emergência, o indivíduo inserido neste contexto, defronta-se com suas fraquezas, inseguranças e limitações. O amanhã se torna incerto, pois se vê diante da possibilidade da morte. O que se configura é a dor emocional pela perda da saúde.
E o adoecer, diante de tais condições, acarreta num rompimento das defesas pessoais, sendo visto como uma ameaça ao equilíbrio psicológico para o indivíduo doente. É relevante enfatizar que essa ameaça se intensifica no adoecer que leva à hospitalização, provocando um choque emocional no paciente, que se defronta com várias alterações no seu modo de vida, entre elas, o abandono das atividades cotidianas, com o afastamento das suas relações sociais,a permanência no leito, a falta de informação diante de sua enfermidade, as falhas na comunicação entre equipe de saúde e o paciente, a dependência dos cuidados e proteção dos familiares e dos profissionais da saúde, evidenciando-se a despersonalização do ser doente.
Foucalt (1979), o hospital aparece como instrumento terapêutico, através do reconhecimento deste como um local que se destina a cura, com visitas de médicos para observação sistemática dos hospitais. Nessa época verifica que a aproximação do médico em relação ao paciente se pautava na observação e previsão da evolução da sua doença, visto que sua formação acadêmica era certificada pela compreensão de textos em seus aspectos biológicos e emissão de receitas de medicamentos.
Surge então um novo olhar sobre o hospital, até se chegar ao modelo de hospital atual, onde conforme Trevizan (1988), a meta principal são os cuidados médicos, cujas providências são orientadas por normas científico-tecnológicas e por requisitos de racionalidade e economia organizacional, provenientes de um modelo biomédico.
segunda metade do século XX, uma preocupação com esta
situação e a medicina promove mudanças em sua compreensão para a dialética saúde/doença.
O refinamento do conceito de saúde começa a surgir através dos princípios que norteiam a Organização Mundial da Saúde, para quem a saúde é compreendida como o total bem-estar biopsicossocial do homem e não somente a ausência da doença. A percepção da necessidade deste exercício dentro do contexto hospitalar acontece mediante a reflexão de que a doença envolve significados mais abrangentes que a própria dor física, como a angústia e a ansiedade que envolve os pacientes perante a adaptação e as preocupações diante do processo de hospitalização. Sabe-se também que apesar do objetivo de uma instituição hospitalar ser o de promover saúde e resgatar a vida, para os pacientes, na prática, o hospital representa muitas vezes, dor, inutilidade, sofrimento e morte.
Diante dessa situação, os profissionais de saúde se dedicam a entender o paciente e sua doença, surgindo assim, a medicina psicossomática. De acordo com Chiattone (2002), essa ciência é formada de início por psicanalistas voltados ao estudo do fenômeno adoecer somático, a partir da interação entre as dimensões mental e corporal, avaliando os aspectos objetivos e subjetivos da pessoa através da percepção das influências psíquicas nas doenças.
Conforme Riechelmann (2000, p. 182) psicossomática é:
Ao mesmo tempo, filosofia – porque define um conceito de ser humano e ciência, que tem como objeto os mecanismos de interação entre as dimensões mental e corporal da pessoa. Esta é uma definição clássica. [...] estuda como o fato corporal está integrado no fato psíquico, que, por sua vez, está integrado no fato relacional ambiental. Esta integração biopsicossocial é o objeto da ciência psicossomática.
A inserção do psicólogo no contexto hospitalar favoreceu ao paciente e seus familiares desfrutarem da existência de um canal aberto para suas ansiedades, medos, fantasias e sofrimentos provenientes da doença e também da hospitalização. Propiciou também aohospital como um todo, onde se inclui as equipes de saúde, um aliado no tratamento, na
prestação de um serviço organizado e preparado que pode oferecer informações profissionais e estabelecimento de condutas uniformes.
Considerando a importância da relação equipe de saúde-paciente, bem como a relevância do psicólogo hospitalar intermediando esta relação e de acordo com os apontamentos supracitados procura-se, através de publicações científicas.


A formação da equipe de saúde que atua nos hospitais está pautada, em sua maioria, num conhecimento tecnicista, que prioriza a doença e sua cura, oriunda de uma prática biomédica fortemente estruturada, menosprezando o ser doente em relação às suas inseguranças, medos e angústias. Devido também a essa visão, o profissional de saúde apresenta, muitas vezes, emoções específicas, como a onipotência, onde ao valorizar a cura da doença, deixa de considerar o doente em sua subjetividade, ou seja, vive
a fantasia de poder vencer a morte ao acabar com a enfermidade. Vinculados a essa emoção estão também sentimentos de incapacidade e limitação em seus recursos internos ou externos,qual seja a impotência, devido à impossibilidade de cura.
a importância do psicólogo no contexto hospitalar consiste na humanização das relações e diante desta percepção, tenta-se identificar como a psicologia pode estar possibilitando a facilitação da relação da equipe de saúde-paciente.
Portanto, o interesse dessa pesquisa em verificar através de artigos científicos da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, propostas de intervenção da psicologia para a facilitação dessa relação, bem como sua possível atuação, justifica-se pela relevância social e científica, onde esta pesquisa poderá através dessa verificação ou não, auxiliar a importânciade se refletir sobre tal temática, para que a partir dessa reflexão, seja possível planejar ações que promovam a humanização das relações hospitalares. Entende-se a humanização das relações, especialmente entre equipe de saúde e pacientes como um ganho para a sociedade, que poderá contar com um atendimento que visa o restabelecimento do paciente enquanto ser biopsicossocial e não somente na supressão de sua doença

..... termino amanhça sem falta...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Impacto da Espiritualidade na Qualidade de Vida de Pacientes Oncológicos


Maria da Gloria Gonçalvez Gimenes (Psico-Oncologista)

Conte-nos quais são os principais objetivos da sua coluna? Quais serão os temas abordados?

O principal objetivo é oferecer ao leitor informações sobre o impacto da espiritualidade na qualidade de vida de pacientes oncológicos, desde o momento do diagnóstico, tratamentos, recuperação e fase terminal da doença. É, na verdade, uma maneira de contribuir para que pacientes e familiares façam uso de crenças espirituais de forma positiva, de tal modo que só fortaleçam seus recursos internos, proporcionando mais esperança, confiança e fé.

Temas como o papel da fé na cura, a importância de rituais religiosos para o bem-estar emocional, a necessidade de rever quem é Deus ou uma força transcendente superior e sua influência em nossas vidas serão alguns dos temas abordados. Além desses, qualquer outro tema de interesse que seja sugerido.

De que forma o diagnóstico do câncer pode afetar a espiritualidade do paciente?

Pode afetar tanto de forma positiva quanto negativa. Por exemplo, uma pessoa ao receber o diagnóstico pode aproximar-se mais de Deus, apoiar-se em pessoas religiosas e buscar coragem e otimismo para enfrentar a doença e tratamentos. Outras podem questionar e se revoltarem contra tudo em que ou quem acreditam. Surgindo então perguntas como: Por que isso está acontecendo comigo? O que eu fiz ou deixei de fazer para merecer passar por tudo isso?

Poderia comentar sobre a diferença entre espiritualidade e religiosidade?
Espiritualidade refere-se a crença em algo superior, uma força, uma energia, comumente chamada de Deus. E, a crença nessa força superior daria sentido à vida e à morte. A conexão com Deus, ou como queira chamar, proporciona esperança, confiança e fé para o enfrentamento de acontecimentos estressantes e dolorosos. Uma pessoa que compartilhe desse conceito não precisa participar de nenhuma religião organizada ou institucionalizada.

Por outro lado, religiosidade implica necessariamente na participação em uma comunidade religiosa institucionalizada onde seus membros participam de rituais e, compartilham de regras e credos específicos.

Como a espiritualidade pode ajudar o paciente durante o tratamento oncológico?
Proporcionando sentimentos de confiança, esperança e proteção. Crendo que existe uma força superior, Deus que está acima de tudo, de todos e, que tudo pode, tudo provê. Por pior que seja o prognóstico, Seu poder, Seu amor podem curar.

Sabemos que o diagnóstico de câncer pode provocar mudanças importantes no paciente, entre elas na sua espiritualidade. Como fazer, se possível, para resgatar a espiritualidade perdida durante o tratamento oncológico?

A espiritualidade de verdade nunca se perde. É preciso não confundi-la com regras e crenças religiosas que necessariamente não proporcionam fé e sentido diante dos acontecimentos que vivemos. Muitas vezes acontece que a pessoa dá um tempo na participação de rituais ou rezas, mas no fundo sabe que tem para quem recorrer quando quiser. Sabe também que Deus nunca abandona ninguém.

Pode sim, surgir um sentimento de raiva ou revolta que denominamos de sofrimento espiritual que precisa ser resolvido. Necessariamente não quer dizer que a pessoa tenha perdido totalmente sua fé.

Podemos falar de dicas e orientações para isso?
Em primeiro lugar é preciso identificar: Quem é Deus para aquela pessoa? Qual tem sido sua relação com Ele? Quantas vezes sentiu Seu apoio e Sua presença em sua vida?

É importante refletir qual foi a importância da crença em Deus ao longo da vida. Essa crença trouxe esperança, vontade de lutar diante das dificuldades? Tornou você mais forte?

Caso sim, a melhor dica talvez seja você ter a coragem de falar para Deus toda sua revolta. Todas as suas dúvidas e medos. Afinal, a gente só briga com quem a gente se importa e acredita que vale a pena resgatar a amizade e confiança.

E, finalmente dizer como é importante a presença Dele durante todos os tratamentos.

Poderia comentar sobre seu trabalho de psico-oncologista frente aos pacientes com câncer?

Todo o trabalho tem por objetivo despertar e maximizar os recursos emocionais, sociais e espirituais do paciente e sua família para enfrentar com sucesso a doença e seus tratamentos. Trata-se de terapia breve focada na força de enfrentamento de cada um.

Para isso são usadas estratégias cognitivas por meio de conversas quando pensamentos negativos são confrontados e substituídos por outros que favorecem a resolução de problemas e trazem esperança e bem-estar.

Além disso, diversas técnicas podem ser utilizadas dependendo da necessidade de cada pessoa. Entre essas técnicas, podemos citar a arteterapia, a imaginação ativa ou as visualizações, além das técnicas para relaxamento e energização.

Fonte: Oncologia\Oncoguia - Impacto da Espiritualidade na Qualidade de Vida de Pacientes Oncológicos.mht

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

... Nacac-- Núcleo de Amparo a Crianças e Adultos com Câncer...






Projeto de Terapia em Grupo abordando o tema sexualidade e mulheres mastectomizadas com início para fim de agosto, tendo a Assistência Social Nádja Andrade e a Psicóloga Beatriz Guedes de Castro do Nacac como mediadoras

Objetivo
Formar um grupo de mulheres mastectomizadas, para proporcionar a partilha de sentimentos e necessidades das mesmas em seu processo saúde e doença, melhorando a qualidade de vida e obtenção de harmonização interior em uma oportunidade de troca de experiências e amizades resgatando a auto estima, sua imagem corporal, resignificação do corpo mastectomizado.

REPRESENTAÇÃO HISTÓRICA DOS SEIOS

OS GREGOS RELACIONAVAM SEIOS PERFEITOS ÀS DEUSAS.
IMAGENS RETRATADAS POR DIVERSOS PINTORES E ESCULTORES EM TODOS OS TEMPOS.
SIMBOLISMO DE BELEZA, EROTISMO E SEDUÇÃO


No século XVI, Caravaggio pinta o quadro Madona Delle Grazie. Retratou os seios de Madona como fonte de nutrição.
As mamas tem conotação estética erótica do papel feminino ligada à sedução e também ao papel da maternidade, enquanto fonte de alimento para os filhos.

As cirurgias de mama mutiladoras afetam a percepção do próprio corpo, a autoimagem corporal e autoestima. As mulheres sentem-se envergonhadas, desvalorizadas, rejeitadas, isoladas, inseguras e repulsivas para contatos sociais e sexuais.

Holmberg em 2001 realizou estudo piloto com mulheres que tiveram câncer de mama e seus marido revelou que o foco de preocupação entre homens e mulheres são diferentes.

Enquanto as mulheres estavam preocupadas com a perda da mama, dos cabelos e com sintomas provocados por alterações hormonais, os homens se preocupavam com a perda potencial da parceira e o medo e ansiedade associados a essa perda.

A preocupação com o relacionamento sexual apareceu em segundo lugar, independentemente do gênero e ambos relataram a importância da orientação na área sexual, após o câncer de mama.

O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE

A sexualidade é regulada não só pelos padrões sociais, mas também por aqueles que detém o poder, no caso os profissionais de saúde, que acabam ditando conceitos do que é permitido ou não na esfera sexual e reforçam a filosofia de Foucault de que o saber é poder, passando a área da saúde a atuar também como órgão regulamentador da sexualidade (FOUCAULT, 1988 apud GRADIM, 2007)

PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE> Expectativa de sentir-se cuidada/acolhida
 Necessidade de estimulação frente ao tratamento
 Espera de informações sobre a doença e tratamento
 Suporte às famílias
 Preparação psicológica para a cirurgia e alta
Grupos de reabilitação, preparo para retorno a vida social e sexual.

FATORES QUE AFETAM A SEXUALIDADE PÓS CÂNCER DE MAMA

♦ Conflitos com a identidade sexual. Ex.: dificuldade em se olhar no espelho, não se sentem mais atraentes.
♦ Alterações na imagem corporal. Ex.: desconforto com as roupas, etc.
♦ Sentem-se desfiguradas.
♦ Preocupação com a percepção do parceiro, medo de não corresponder às demandas sexuais do mesmo.
♦ Incerteza sobre sua saúde e vulnerabilidade do organismo.
♦ Sintomas relacionados a doença/tratamento como, náuseas, vômitos, dor e cansaço ou ainda o linfedema.

♥ A história pregressa da vida sexual do casal irá
influenciar na readaptação do par.
♥ A qualidade na comunicação do casal: cumplicidade e intimidade.
♥ Muitas vezes a preocupação é mais da mulher.
♥ É indicado que o médico aborde o assunto.
♥ Indicação de outros profissionais: psicólogos e terapeutas sexuais.
♥ A qualidade da vida da paciente após o diagnóstico e tratamento influenciará.

terça-feira, 21 de junho de 2011

CONTRIBUIÇÕES DA ABORDAGEM GESTÁLTICA PARA ATENDIMENTOS DE URGÊNCIA EM UM HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO


Compartilhando... ótimo texto!!
Sandra Maria Moreira de Menezes
A gestalt-terapia - GT - tem em suas bases filosóficas o humanismo, o existencialismo, a fenomenologia e a dialógica buberiana, que se mostram vinculadas entre si, delineando uma percepção de ser humano com potencial para o saudável, o crescimento e auto-realização, ainda que, por vezes, se mostre disfuncional no seu modo de ser-no-mundo.
Este viver, por sua vez, é compreendido pelo psicoterapeuta através de um olhar existencial, considerando-o um ser de possibilidades, livre e responsável pelos rumos que caminha para concretizar-se enquanto projeto. Apreende-se da fenomenologia e da dialógica respectivamente, uma metodologia para abordar essa existência e um modo singular de estar com o outro durante o atendimento psicoterápico, que é balizado por atitudes de respeito e confirmação em relação ao cliente.
Fala-se da Teoria de Campo como uma forma de compreender o modo como uma pessoa lida com as escolhas sobre as diferentes áreas da sua vida, pode-se falar da Teoria de Campo. Kurt Lewin afirma que as atividades psicológicas das pessoas acontecem em um campo chamado Espaço Vital - EV -, que é a representação das necessidades do sujeito em contato com o ambiente. Esse campo é formado por variáveisbiológicas,psicológicas e sociais, onde atuam, também, forças propulsoras de mudança e que, na medida em que se dinamizam, durante a existência do indivíduo, promovem uma redefinição do campo em regiões ou zonas, estabelecendo fronteira entre elas. Existem, ainda, forças frenedoras,que atuam como barreiras ou obstáculos à locomoção (KIYAN, 2001).
Portanto, há um novo paradigma pelo qual se compreende o indivíduo, suas interações com o mundo e consigo mesmo,com possibilidades de vê-lo de modo integrado, validando sua liberdade existencial, pois, o que se destaca do campo em termos de necessidade, depende da consciência intencional do ser, que a prioriza conforme sua percepção. Considera-se ainda que o conceito de EV na psicoterapia subsidia uma prática que tem como ponto de partida a pessoa do cliente como realidade primeira desse campo total para “... tentar entender como as coisas ocorrem aqui e agora, sem perder de vista as possibilidades do futuro, [mas também], não deixar que [representem uma] predição do comportamento”(RIBEIRO, 1999, p.62).
Conceitos centrais em gestalt-terapia

Percebe-se que os conceitos centrais em GT se expressam por uma interdependência entre si, semelhante ao que acontece na relação figura-fundo: quando um construto está em relevo, os outros estão ao fundo. Assim, parte-se do conceito de contato, considerando-o como vital para o crescimento e modificação das experiências que a pessoa tem do mundo. É gerado por uma energia de excitamento que se manifesta a partir da emergência de necessidades - físicas e/ou psicológicas - e que poderão, ou não, encontrar meios de satisfação pelo contato. Implica a existência de umafronteira
que delimita e une, diferencia e assemelha, aceita e rejeita, em um movimento processual e dialético. Há um limite real entre o “eu” e o “não-eu”. É, portanto, na fronteira entre pessoa-meio que o contato acontece (POLSTER E POLSTER,1979; GINGER E GINGER, 1995).
A descrição acima caracteriza um ajustamento criativo funcional, no qual há consciência, por parte do sujeito, de suas necessidades, priorizando-as conforme uma hierarquia de valores e dominância. Tem-se, portanto, um funcionamento saudável, no qual as necessidades/figuras emergem de modo energizado e definido, a ponto de mobilizar a pessoa em uma direção, relativamente, segura para a satisfação, possibilitando “... estabelecer contatos enriquecedores e interrompê-los quando tóxicos e intoleráveis” (FRAZÃO, 1999; CIORNAI, 1995, p.74). Isso depende do movimento de awareness do sujeito em relação aos vínculos que estabelece e aos significados que atribui a si, ao mundo e às pessoas,pois estar aware é “... aperceber-se do que se passa dentro e fora de si no momento presente, tanto a nível corporal,quanto mental e emocional” (FRAZÃO, 1999, p.28).
Quando a awareness das necessidades é parcial há pouca habilidade para hierarquizá-las em uma “escala” de prioridades, levando o sujeito a se direcionar para atividades desnecessárias, sem, muitas vezes, concluí-las, temos um
ajustamento criativo disfuncional. Assim, em um funcionamento não-saudável as necessidades/figuras emergem pouco energizadas e pouco definidas, a partir de uma percepção distorcida, inviabilizando contatos criativos com o ambiente através de atitudes anacrônicas e repetitivas (FRAZÃO, 1999). Por isso, entende-se que a saúde e doença são vistas como nuances em um continuum e que, dependendo dos ajustamentos criativos estabelecidos entre o sujeito e seu meio,pode se manifestar mais ou menos funcional (RIBEIRO, 1997). Para Perls (1977, p.20), saúde é “... um equilíbrio
apropriado da coordenação de tudo aquilo que somos”.

continuação amanhã......

terça-feira, 14 de junho de 2011

a XXXI Jornada de Psicossomática e Psicologia Hospitalar da PUCSP

É com prazer que convidamos para a XXXI Jornada de Psicossomática e Psicologia Hospitalar da PUCSP: “Psicossomática e Ciclo Vital: a vulnerabilidade pessoal nas diferentes fases do desenvolvimento humano”, que será realizada no dia 16/06 (quinta-feira), a partir das 9h, no auditório 239.
As inscrições já estão ABERTAS, e devem ser feitas exclusivamente através desse e-mail.
E serão encerradas às 24h do dia 14/06.
Informando: nome completo, profissão/ocupação e instituição de ensino/trabalho.
IMPORTANTE:
 O evento será gratuito;
 Os certificados dos participantes serão emitidos via on line, através do site www.pucsp.br (link da Jornada);
 10 dias após o evento;
 Para os participantes inscritos que assinarão a lista de presença no dia/local do evento.
Contamos com sua participação.
Desde já, agradecemos a atenção.
Comissão Organizadora.

FAÇA SUA INSCRIÇÃO ATRAVÉS DO E-MAIL: jornadapsicossomatica@yahoo.com.br


Data: 16/06/2011
Horário: das 9h às 17h30
Local: PUC-SP / Rua Monte Alegre, 969
Auditório: 239
Palestrantes:
Prof. Drª Dalka Chaves de Almeida Ferrari (Vulnerabilidades na Infância)
Profª Drª Albertina Duarte Takeuti (Vulnerabilidades na Puberdade e Adolescência)
Profª Drª Gabriela Calazans (Vulnerabilidades na fase Adulta)
Prof. Dr Antonio Alberto Zambon (Vulnerabilidades na Velhice)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Temas em Psico Oncologia


Resenha sobre o livro Temas em psico-oncologia, de Carvalho et al. (org.)

Daniela Cristina Mucinhato Ambrósio; Manoel Antônio dos Santos

Universidade de São Paulo

Tenho essa Bíblia, estou compartilhando um texto, muito interessante...

O livro Temas em psico-oncologia, desenvolvido em decorrência da formação científica e da experiência prática de seus organizadores, Vicente Augusto de Carvalho, Maria Helena Pereira Franco, Maria Julia Kovács, Regina Paschoalucci Liberato, Rita de Cássia Macieira, Maria Teresa Veit, Maria Jacinta Benites Gomes e Luciana Holtz de C. Barros e demais autores, configura uma obra de referência para atuação em psico-oncologia no cenário nacional. Como tal, é do interesse dos profissionais de saúde – psicólogos, médicos, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, assistentes sociais, além de outros profissionais do campo da oncologia.

A despeito dos enormes avanços tecnológicos consolidados no campo da medicina nas últimas décadas, que permitiram que o câncer se tornasse uma doença crônica, ele ainda continua sendo reconhecido socialmente como uma enfermidade cujo diagnóstico embute potencial sentença de morte, o que mobiliza respostas emocionais extremas, desequilíbrio e insegurança em relação ao futuro. Tal condição psicossocial confirma a importância de desenvolver uma área de conhecimento que envolva o cuidado de pacientes, familiares e dos próprios profissionais envolvidos na assistência. É nesse contexto que Temas em psico-oncologia se insere.

Dividido em 12 partes, esta obra conceitua a psico-oncologia como área de atuação ampla, que se aplica a pacientes com câncer, familiares e profissionais envolvidos em seu tratamento. Em seu primeiro capítulo, Maria Teresa Veit e Vicente Augusto de Carvalho apresentam um histórico da área e demonstram que a psico-oncologia surgiu de percepções de que a incidência, evolução e remissão do câncer estão ligadas a aspectos psicossociais, e de que a etiologia, o desenvolvimento da doença e adesão aos tratamentos estão também associados a fatores psicológicos.

Iniciando a segunda parte do livro com o capítulo "O aconselhamento genético em câncer", Bernardo Garicochea e Maria Cristina Monteiro de Barros demonstram que, atualmente, testes genéticos altamente sofisticados podem ser realizados em um portador de câncer para indicar a presença de um fator hereditário em sua família. Acontece que, ao mesmo tempo que a identificação de famílias pode, por exemplo, evitar o aparecimento da doença, pode causar forte impacto e desgaste emocional durante a fase de realização dos testes e também em casos de detecção antecipada das pessoas em situação de risco. Em seguida, o capítulo produzido por Ricardo Caponero traça um panorama a respeito da biologia celular e da biologia das neoplasias, apresentando alguns processos celulares e bioquímicos que podem levar ao desenvolvimento de células neoplásicas, com consequente formação de tumores. Dando seguimento à descrição dos fatores biológicos relacionados à doença, diferentes autores apresentam o que há de mais atual na descrição dos mais variados tipos de câncer, entre eles câncer de mama, de pele, de cabeça e pescoço, do parênquima renal, ósseo, de pulmão e tumores primários do sistema nervoso central. No capítulo sobre o câncer de mama, Alfredo Carlos S. D. Barros enfatiza a necessidade da assistência multiprofissional humanizada ao paciente durante e após o tratamento médico, retratando inclusive recomendações para a melhoria da qualidade de vida do paciente oncológico.

Ao discorrerem sobre as implicações da associação entre câncer e gestação, Adriana Tourinho Ferreira Buzaid e Antonio Carlos Buzaid tratam da complexidade do manejo de mulheres grávidas e portadoras de câncer, cujo tratamento objetiva idealmente a cura da mãe com proteção ao nascimento saudável da criança, o que nem sempre é possível. A respeito do tumor de próstata, Jorge Hallak, Marcello Cocuzza e William Carlos Nahas o definem como a segunda causa de morte mais frequente entre homens acima dos 50 anos de idade, encetando como fatores predisponentes a genética, a raça e questões ambientais. Os autores destacam que, presentemente, o câncer de próstata tem apresentado um diagnóstico mais precoce, o que tem permitido promover uma mudança radical em sua evolução.

No capítulo seguinte, João Carlos Mantese descreve os principais tipos de câncer ginecológico – colo uterino, endométrio, ovário, vulva, vagina e tubas uterinas –, evidenciando, ao final, a premência do desenvolvimento de estudos que atentem para a qualidade de vida. Em "Leucemia e linfomas", capítulo dedicado ao grupo de doenças que afetam os glóbulos brancos, Nelson Hamerschlak caracteriza os sintomas, métodos diagnósticos e tratamentos para os quatro tipos principais de leucemias, além de expor uma classificação dos linfomas Hodgkin e não Hodgkin. Seguindo com a descrição atual de diferentes tipos de câncer, José Carlos Evangelista, de modo bastante didático, apresenta a caracterização dos diferentes tipos de câncer gastrointestinal, destacando em cada um deles a epidemiologia, etiologia, os sinais e sintomas, o diagnóstico, a evolução clínica e o tratamento.

Ainda nessa segunda parte do livro, os autores Antonio André Magoulas Perdicaris, João Victor Salvajoli e Maria Leticia Gobo Silva, Ricardo Caponero e Luciana M. Lage e Nise Hitomi Yamaguchi fazem uma descrição pormenorizada das técnicas utilizadas no tratamento de cânceres. A cirurgia se afigura como a mais antiga forma de tratamento do câncer, cujo uso evoluiu da radicalidade dos tempos de Willian Halsted – cuja técnica de mastectomia radical recebe seu nome em homenagem ao seu pioneirismo – à combinação atual com outros tipos de tratamento; a radioterapia como uso terapêutico de radiações ionizantes, com a finalidade de atingir precisamente um tumor definido, a quimioterapia descoberta por meio de estudos com o gás mostarda após a Primeira Guerra Mundial e de sua introdução no tratamento de linfomas, e a imunoterapia como tratamento baseado na imunologia para combater o câncer. Finalizando, Daniela Carinhanha Setúbal e Maribel Pelaez Dóro descrevem o transplante TCTH (infusão intravenosa de células-tronco hematopoiética), que possui como objetivo restabelecer a função medular e imune de pacientes com doenças malignas e não malignas.

Na terceira parte da obra, ao tratarem dos tipos de prevenção do câncer, Rafael A. Kaliks e Auro Del Giglio apresentam os fatores extrínsecos e intrínsecos que podem levar ao desenvolvimento de um câncer e retomam a discussão a respeito dos aspectos psicossociais envolvidos no teste genético para detecção de portadores de câncer hereditário.

Fica clara até aqui a preocupação dos autores de destacar os fatores psicossociais que perpassam todas as faces do câncer, o que diferencia e constitui a psico-oncologia como área do conhecimento voltada para o melhor desenvolvimento da qualidade de vida dos pacientes. Mesmo assim, o livro ainda apresenta uma parte exclusivamente voltada para a face psicossocial do câncer, destacando-se a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.

É com a questão da qualidade de vida que Sebastião Benício da Costa Neto e Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira de Araujo dão início à quarta parte de Temas em psico-oncologia, oferecendo, a princípio, um histórico do termo. Dando continuidade ao tema, Dóris Lieth Nunes Peçanha trata de um ponto imprescindível quando se aborda o tratamento do câncer: a questão das múltiplas estratégias de enfrentamento utilizadas pelos pacientes nas diferentes fases da doença, destacando a dificuldade, atualmente encontrada, para formação de um consenso a respeito dos termos enfrentamento e qualidade de vida.

No capítulo que se segue, Adriana Bigheti e Elizabeth Ranier Martins do Valle apresentam um estudo fenomenológico-existencial realizado com adolescentes entre 12 e 17 anos em tratamento de câncer. Os resultados demonstram que, durante o tratamento, alguns adolescentes podem apresentar dificuldades para conviver com as restrições que lhes são impostas, porém alguns já mostram capacidades de desenvolver recursos para enfrentar tais adversidades. Na sequência, ao tratar da psiconeuroimunologia, Regina Paschoalucci Liberato ressalta a importância de que o médico considere o paciente como indivíduo biopsíquico-social-ecológico em sua totalidade, com vivências singulares em relação à doença.

Em sua quinta parte, os autores Vicente Augusto de Carvalho, Pedro Altenfelder Silva e Carolina de Mello-Santos, Rodrigo Fonseca Martins Leite e Chei Tung Teng retratam a importância de atenção aos aspectos psiquiátricos de pacientes com câncer, destacando a associação entre a evolução do câncer, o desenvolvimento de quadros de ansiedade e depressão, entre outros, e a piora na qualidade de vida dos enfermos, o que vem apresentando uma frequência maior de ocorrência. De acordo com os autores, há dificuldade de estabelecer um diagnóstico psiquiátrico por causa da concepção corrente de que sintomas depressivos, angústia e ansiedade são comuns a pacientes com câncer. Os autores mostram que essa sintomatologia pode ocorrer concomitantemente ao câncer e deve ser identificada e tratada.

Além disso, o livro apresenta um apanhado das consequências psicossociais ocasionadas pelas sequelas do tratamento do câncer, incluindo a dor, sobretudo relacionada ao câncer metastático, destacada no capítulo redigido por Ana Claudia de Lima Quintana Arantes e no de Fernanda Rizzo di Lione. Questões ligadas à sexualidade que interferem na imagem corporal, na reprodução e no funcionamento sexual são abordadas no capítulo de Rita de Cássia Macieira e Maria Fernanda Maluf. Náuseas e vômitos como complicações do câncer também são abordados por James Farley Rafael Maciel e Celso Massumoto, assim como os problemas orais destacados por Marcos Martins Curi, para os quais os profissionais de saúde devem atentar como maneira de melhorar a qualidade de vida desses pacientes.

A sétima parte do livro apresenta uma análise de diferentes tipos de intervenção psicossocial que têm como propósito implementar a qualidade de vida de indivíduos com câncer por meio de uma abordagem interdisciplinar das especialidades que se integram ao cuidado do paciente, inclusive por meio da constituição de equipes multidisciplinares.

Buscando a reabilitação psicossocial do paciente com ser completo, com um funcionamento global, podem ser utilizadas a psicoterapia e outras formas de terapia que, uma vez integradas, contribuirão para a redução da dor e do sofrimento do paciente, por meio de um caminhar junto dele durante o tratamento.

A família diante do câncer também é foco de estudo e intervenção. Maria Helena Pereira Franco dedica-lhe uma reflexão, destacando a importância de se estar atento às vivências familiares desde a fase que antecede o diagnóstico. E como podemos levar ao plano da prática institucional e da realidade dos atendimentos domiciliares o conhecimento que adquirimos a respeito do câncer? É a questão à que tentam responder Maria Teresa Veit e Luciana Holtz de Camargo Barros, e Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo.

O tema da morte e do morrer não poderia ficar de fora de uma obra tão abrangente. Por essa razão, Maria Julia Kovács, autora renomada pelas diversas publicações a respeito do assunto, apresenta suas considerações, buscando a difusão da possibilidade de educação para a morte. Complementarmente, o trabalho com pessoas enlutadas é foco dos estudos descritos de Maria Helena Pereira Franco, que considera que o luto não se dá apenas em situação de morte, mas se inicia diante mesmo do diagnóstico, caracterizando-se como o luto pela própria doença.

A boa comunicação que é imprescindível na relação médico-paciente, com destaque à evidência de que, para os pacientes, o momento da consulta é, provavelmente, uma das conversas mais aguardadas de seu dia. Esse é o assunto do capítulo de Antonio André Magoulas Perdicaris e Maria Júlia Paes da Silva. Para encerrar essa parte da obra, o tema da espiritualidade é abordado em seguida. Descrita como sopro de vida, baseado na existência de duas dimensões da realidade, com toda a delicadeza que o tema requer, Regina Paschoalucci Liberato e Rita de Cássia Macieira apresentam uma reflexão ampla sobre o uso da espiritualidade no enfrentamento do câncer e a necessidade de respeito e atenção por parte dos profissionais sobre o lado espiritual/religioso de seus pacientes.

Outro eixo principal de abordagem do livro diz respeito à importância do cuidado multiprofissional de pacientes com câncer. A oitava parte dedica-se a apresentar um resumo de diferentes tratamentos, que podem complementar o cuidado médico e psicológico do paciente oncológico.

A fisioterapia, cuja intervenção é dividida em fase imediata, até o décimo dia da cirurgia, e fase tardia, após esse período, tem como objetivo primeiro a redução da dor. A terapia nutricional, que tem como objetivo, entre outros, prevenir ou corrigir a desnutrição, deve ser iniciada com base em uma correta avaliação nutricional realizada com diferentes métodos. Já a terapia ocupacional tem como objetivo, diante das limitações que o câncer acarreta na vida do paciente oncológico, possibilitar condições físicas e emocionais para que as ocupações significativas para ele e seus familiares possam continuar a ser exercidas. A terapia fonoaudiológica, por sua vez, tem por objetivo reabilitar o paciente sequelado por causa das terapêuticas utilizadas no tratamento.

Como subárea da oncologia, com a oncologia pediátrica tem início a nona parte do livro, que destaca as principais neoplasias da infância que atingem crianças de zero a 14 anos de idade, além de abordar os mais importantes efeitos colaterais tardios do tratamento nessa faixa etária, em seus aspectos biológicos e psicossociais. Como ressaltam Mirian Aydar Nascimento Ramalho e Gisele Machado da Silva, apoiadas por Elizabeth Ranier Martins do Valle, nesse âmbito é importante observar e estabelecer modos de diminuir as implicações da necessidade de enfrentar um câncer para as famílias das crianças e adolescentes e também para a continuidade da educação escolar, por meio de programas de reinserção escolar.

Preocupados com a transformação dos conhecimentos – que são amplamente construídos e agregados por Temas em psico-oncologia – em prática cotidiana, inserida na rotina profissional, os autores da décima parte colocam-nos perante a organização e o desenvolvimento de serviços de assistência oncológica que, de acordo com Maria Teresa Veit, devem ter como missão atender integralmente às necessidades de seus pacientes. Nesse sentido, Maria Júlia Kovács, Rita de Cássia Macieira e Vicente Augusto de Carvalho destacam a importância de que os profissionais de saúde envolvidos no tratamento de pacientes com câncer estejam em constante atualização, uma vez que, contando com profissionais mais capacitados, podemos pressionar o poder público a contratá-los.

Regina Paschoalucci Liberato e Vicente Augusto de Carvalho, entretanto, retratam também a necessidade de pensar o cuidado de quem cuida, no caso, os profissionais de saúde. Para isso, os autores realizam uma reflexão a respeito da diferença entre o cuidar e o curar, e destacam a ocorrência de estresse e síndrome de burnout nos cuidadores.

Na parte devotada a temas especiais ligados à psico-oncologia, Maria Cecília Mazzariol Volpe se dedica às questões legais envolvidas na ocorrência de um câncer, relacionadas à utilização de novas drogas e aos direitos do indivíduo enfermo. Seguindo, Maria Helena Pereira Franco e Maria Júlia Kovács discorrem sobre a necessidade de respeito à ética em pesquisa quando da realização de estudos com pacientes com câncer, considerando sua condição de vulnerabilidade.

Dando continuidade, o livro mostra-se atento aos mais recentes avanços sociais e tecnológicos na área oncológica, discutindo os benefícios e complicações do uso da internet por pacientes com câncer e profissionais de saúde que lidam com eles, destacando a relevância de que o médico oriente seus pacientes a buscar sites confiáveis e que eles tenham liberdade para conferir com o profissional a veracidade das informações obtidas.

Nos capítulos finais dessa penúltima parte da obra, Arli Melo Pedrosa e Maria Jacinta Benites Gomes relatam experiências de instituições públicas de saúde que desenvolvem programas de educação continuada a pacientes oncológicos e grupos de apoio relacionados ao controle do câncer.

Finalizando a brilhante construção de Temas em psico-oncologia, Márcia Maria Alves de Carvalho Stephan dedica-se a um levantamento histórico da psico-oncologia no Brasil, após perpassar por temas ligados ao câncer que envolvem a modernização da sociedade. Verifica-se que, na história da área em nosso país, encontram-se profissionais como os que se dedicaram à construção do livro, que podem não possuir, de acordo com a autora, tantos recursos quanto desejariam, mas que se esforçam para cuidar dos pacientes com câncer em suas peculiaridades e ainda ampliar o rol de conhecimentos a respeito.

O câncer afigura-se como um grande desafio da época contemporânea, por ainda ser associado à dor, ao sofrimento e à morte, requerendo tratamentos dolorosos, invasivos e muitas vezes mutiladores, que comprometem a qualidade de vida. Os pacientes precisam lidar com as questões que fazem parte da vida de todos, acrescidas pelas condições do câncer. A psico-oncologia aborda as relações existentes entre os fatores psicológicos e a doença neoplásica, tanto no sentido das funções psicológicas do paciente, da família e da equipe de saúde, que são afetadas pelo câncer, quanto do modo como as variáveis afetivas e comportamentais influenciam no risco e na sobrevida do câncer.

Nesse sentido, Temas em psico-oncologia retrata a importância de contarmos com uma área que se volte ao cuidado integral da pessoa com câncer e que una a atenção ao paciente aos cuidados com a família, mas que se dedique também ao cuidado da equipe de saúde. Esta obra abrange desde a preocupação e o cuidado dedicado ao paciente, passando pelo apoio aos familiares e à equipe, complementado pela questão da formação de profissionais com habilidades e competência para atuar na área. Tendo como horizonte a educação de profissionais mais capacitados, Temas em psico-oncologia é obra oportuna e que cumpre sua função de compêndio atualizado na área.