quarta-feira, 16 de março de 2011

ASPECTOS PSICOLÓGICOS DOS CUIDADORES




Parte da Monografia da minha querida amiga Psicóloga Rita de Cássia Dantas, achei muito legal e enriquecedor para ser pesquisado e trabalhado.



Segundo Carvalho et al (2001) a morbidade psicológica dos profissionais da saúde e/ou cuidadores informais é um assunto que tem despertado o interesse de pesquisadores há bastante tempo. Ao falarmos de aspectos psicológicos podemos aqui citar o estresse e a síndrome de burnout em cuidadores profissionais e/ou cuidadores informais, vale destacar que muitas vezes intensamente empenhados em cuidar de seus pacientes, não têm a mesma disponibilidade interna para cuidar de si mesmos ou de seus companheiros de trabalho e notar quando esses cuidados são necessários, em função do estresse a que estão submetidos na lida diária com os pacientes com os quais trabalham.
Em muitos casos os profissionais de saúde vivem situações-limites, nas quais exigências ligadas a tomadas de decisão ou à procura prática profissional são intensas. As exigências podem também ter origem em aspectos psicológicos do cuidador, além daquelas oriundas das situações-limite já citadas. Fatores ligados a formação pessoal e/ou profissional do cuidador podem dar origem a tensões importantes de saúde, sobretudo o médico, acaba sentindo a morte geralmente como um fracasso. Apesar de, algumas vezes, essa afirmação poder ser verdadeira, ela não deve se aplicar a todas as situações.
A mesma autora ainda refere que os cuidadores de saúde têm sido forçados a seguir frente idéia de que devem combater as suas limitações e defesas psicológicas frente a situações difíceis do cotidiano. Se por um lado, essa atitude tem contribuído significativamente para a melhora das condições de vida da população e para o claro aumento da expectativa de vida, por outro, ela traz em si o risco de contribuir para elevação do estresse, depressão, transtornos. A atitude de curar está contida na de cuidar sempre, a vantagem da valorização do cuidado está em evitar a percepção de que nada mais há a fazer com o paciente que não tiver possibilidade de cura. Alguns estudos têm identificado diferentes níveis de estresse entre os profissionais cuidadores e/ou informais.
Segundo Beneri et. al. (2001), hoje em dia, as necessidades psicossociais dos cuidadores, avaliadas sob a temática do sofrimento psíquico, abrange praticamente todas as áreas de atividades, passando pelos processos de administração e cuidado, relacionamentos interpessoais, organização do trabalho, satisfação com o salário, reconhecimento profissional, entre outros.
Ainda com Beneri et. al. (2001), de forma geral, as enfermeiras verbalizaram a necessidade de realizarem práticas de cuidado de si para futuro cuidado do outro. As autoras mostram que é fundamental a implementação de práticas de cuidado de si e medidas mais efetivas de modo a modificar o cotidiano das enfermeiras; modificações não só nas condições de trabalho, entretanto no próprio modo de ser da enfermeira, de como tem procedido ao longo de sua vida profissional. Suas considerações tiveram como objetivo obter condições adequadas para o cuidado do cliente, proporcionando uma assistência adequada, sem que a profissional necessite doar-se e negar-se como pessoa
Segundo Lipp (1987) a dinâmica do processo de trabalho do cuidador representa um fator determinante para a construção e problematização da sua qualidade de vida, bem como um processo responsável pelo surgimento de diversos fatores geradores de estresse para esses cuidaores. Dentro destes fatores, emergiram dos depoimentos a sobrecarga de trabalho, acúmulo de funções e suas implicações no sentimento de prazer.
Segundo Santos (2002) o trabalho do cuidador distingue para uma situação em condições insatisfatórias, com exagerado número de tarefas, constante improvisação e absenteísmo. Esta situação intervém na saúde mental dos trabalhadores e ao mesmo tempo na qualidade da assistência prestada. Deste modo, propõe a necessidade de desenvolvimento de novos estudos a fim de analisar as implicações psicológicas inerentes a pessoa do cuidador favorecendo assim, a conscientização e o conhecimento das precisões psicossociais além de predispor o diagnóstico da qualidade de vida do mesmo.
Zarit (1997) postula que cuidadores apresentam taxas mais altas de depressão e outros sintomas psiquiátricos e podem ter mais problemas de saúde que pessoas, com a mesma idade, que não são cuidadores. Além disso, os cuidadores participam menos de atividades sociais, contêm mais problemas no trabalho, e apresentam maior freqüência de conflitos familiares, comumente tendo como foco a forma como eles cuidam do parente comum. Algumas pessoas chegam a apresentar o que tem sido chamado de "erosão do self ", pela forma como submergem no papel de cuidadores.
A mesma autora re refere que apesar dessas constatações, algumas pessoas são capazes de enfrentar de maneira adequada as situações estressantes decorrentes do cuidado prestado. Assim, para propor intervenções, é imperativo identificar a variabilidade das respostas aos estressores, para se promover programas que possam ajudar a limitar o impacto que o cuidar pode trazer ou ajudar a identificar e incluir fatores que possam mediar e reduzir o impacto.
Segundo Campos (1995) O organismo perde a capacidade de reconhecer e anular células malignas mutantes que passam a se reproduzir livremente. Esse é um dos motivos pelos quais quando o sentimento de culpa e impotência é muito intenso, é necessário ajuda psicológica para evitar que o estado emocional impeça de responder positivamente.
Ainda com Campos (1995), entendo que angústia e culpa, são fenômenos humanos muito significativos e fatores dominantes da vida dos seres humanos. Revendo um pouco da história observa-se que o homem sempre lutou contra a doença, num sentido mais amplo, seja cuidando ou sendo cuidada, lutou contra morte, buscando preservar sua vida terrena, lutando contra doença dos modos mais diferentes, em cada época e cultura.

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