quinta-feira, 26 de maio de 2011

Mastectomia: Aspectos Psicológicos Na Adaptação Psicossocial



Psicólogas : Beatriz Guedes de Castro CRP: 06/93057
Raquel Ayres de Almeida CRP: 05/32597

A mastectomia é um dos métodos mais utilizados para o tratamento do câncer de mama. É uma cirurgia mutiladora que visa remover todo o tumor visível. Como conseqüência dessa técnica, podem ocorrer prejuízos de ordem física, emocional e social. Na ordem física podem ocorrer infecções e há limitação nos movimentos dos braços e ombros, limitando as atividades diárias; o emocional fica abalado, circundado de sentimentos negativos em relação à doença; no campo social, a mulher encontra dificuldade em decorrência do sentimento de vergonha, escondendo a mutilação. (Sampaio, 2006).

A forma como a mulher vai responder à mutilação é individual e pode estar relacionada a alguns fatores como idade, auto-admiração, estrutura de ego, estado emocional e situação sócio-econômica, como será abordado a seguir.

A mama, como símbolo da sexualidade, quando danificada, altera a auto-imagem da mulher, surgindo sentimentos de inferioridade e medo de rejeição, sendo que quanto maior o investimento da mulher nesse órgão, maior será o sentimento de perda (SOARES, 2007).

De acordo com Soares (2007) ressalta que a mama confere à mulher sua identidade feminina que ao receberem o diagnóstico, esses valores ficam em suspenso, sem falar de angústia e medo da morte que permeia todo esse processo, ocorrendo uma diminuição da auto estima, sentimentos de vergonha e inferioridade, medo da rejeição do parceiro e evitação de relacionamento e quando a retirada parcial ou total da mama é comum a imagem corporal atual não coincidir com a imagem sentido e lembrada.

Percebe-se que certas mulheres se afastam dos seus parceiros, exatamente neste momento, passando até a evitar o contatos sexuais, ou seja, a mastectomia para a mulher passa a ser um desafio para a relação entre homem e mulher.

Macieira & Maluf (2008) afirmam que o marido ou companheiro desempenha papel relevante e singular no processo do câncer de mama, sendo provedor de suporte afetivo emocional ou suporte instrumental prático, ou seja, o marido consegue fornecer um suporte instrumental, porém a experiência relativa no que diz respeito ao suporte emocional encontra-se diminuída.

Kornblith & Ligibel (2003) ressaltam que mesmo em outros diagnósticos de câncer, o ajustamento entre a paciente e o parceiro encontram-se significativamente inter relacionados, assim sendo, se a adaptação da paciente melhora, o mesmo acontece com o parceiro, e vice versa.

Corbellini (2001, p.52) menciona que a mulher ao descobrir que está com câncer de mama, enfrenta dois momentos em torno de sua vivência, sendo a primeira uma confirmação de ter o câncer de mama e terá que enfrentá-lo e a segunda, seria um pensar em como dar a notícia para as pessoas mais próximas, e como irão reagir a partir desta condição.

Volich (1998) afirma que a referência à anatomia e fisiologia ou ainda a genética pertencente ao câncer de mama, não é suficiente para a compreensão do sofrimento de mulheres acometidas pela doença, onde o adoecer implica em uma dimensão identificatória e intersubjetiva não podendo ser omitida.

Assim, o autor acima descreve ainda uma consideração de múltiplas facetas do ser humano e de seus mecanismos do adoecimento e restauração da saúde, tornando imprescindível uma aproximação dos diversos saberes para então compreender os fenômenos permeados em torno do adoecimento.

Relacionamento Familiar e Funcionamento Social


Fernandes & Mamede (2003) mencionam que o apoio familiar é importante, para a mulher com câncer de mama tente superar os períodos de medo, ansiedade e depressão, assim contribuindo para que a mesma encontre formas opcionais em sua vivência, mesmo com suas limitações.

Liberato & Carvalho (2008) ressaltam que o câncer desestrutura a vida de quem se relaciona com ele direta ou indiretamente, pois amplia uma vasta experiência que implicam o surgimento de aspectos emocionais conflitivos presentes desde o choque do diagnóstico à incerteza do prognóstico.

A mastectomia causa um impacto que afeta não apenas a mulher, mas estende-se ao seu âmbito familiar, contexto social e grupo de amigos. Esse impacto é potencializado pelos tratamentos indicados associados à cirurgia. A situação da doença e da mastectomia afeta os relacionamentos interpessoais na família, visto que diante de todo o processo, as alterações de ordem física, emocional e social na vida da mulher se estendem aos familiares. (Melo, Silva & Fernandes, 2005)

O impacto na família não se resume à reorganização necessária para atender as necessidades cotidianas e de cuidado à saúde da mulher, afeta também os relacionamentos. Diante do diagnóstico de uma doença crônica, a família enfrenta uma série de tensões excessivas que interferem nas relações dentro da unidade familiar. (op cit.).

Uma situação de crise familiar, como é o caso de uma doença como o câncer, pode alterar os modos de relação de interdependência dos sujeitos envolvidos, podendo tornar os conflitos maiores e de resolução mais difícil. As mudanças no cotidiano das pessoas podem promover um estado de equilíbrio ou desequilíbrio, dependendo da compreensão ou entendimento das pessoas acerca da situação, além dos meios ou artifícios de ajuda e auxílio disponíveis utilizados pelos envolvidos. Dessa forma, o processo de descoberta e tratamento da doença, embora cause um impacto inicial, pode representar ou não conflito na família. Na pesquisa de Melo, Silva e Fernandes (2005) por exemplo, foi verificado que esse processo representou um elo de união para a família, proporcionando um melhor enfrentamento da situação.

Os autores relataram ainda que a família, ponto de apoio fundamental para o crescimento interior da pessoa, é uma força positiva para as tomadas de decisões e transformação de conceitos e comportamentos. O ajustamento familiar, de forma íntima e harmoniosa, e as condutas éticas poderiam contribuir para posicionamentos sociais e culturais no combate à comportamentos inadequados. Outro dado importante observado na pesquisa é a contribuição do oferecimento de cuidados e atenção à mulher para uma recuperação mais rápida e menos traumática. (op cit.).

Mesmo diante dos relatos constatando que o câncer de mama e a subseqüente mastectomia muitas vezes representam um fator articulador na dinâmica familiar, integrando os membros entre si e mobilizando toda a família em torno do problema, os autores não descartam a hipótese de uma degradação familiar. O relacionamento, segundo eles, seria facilitado apenas quando há uma comunicação aberta e flexível, capacidade de articulação de expressões e sensibilidade para perceber comportamentos verbais e não-verbais. Dessa forma, a reação das pessoas estaria associada ao nível de relação da família anteriormente à doença, ou seja, a doença vai se constituir num fator contribuinte às relações interpessoais existentes no contexto familiar, tornando-as mais fortes ou mais frágeis. (op cit.).

De acordo com Bervian e Girardon-Perlini (2006), a família geralmente não está preparada para enfrentar o adoecimento e para suportar o sofrimento de seu familiar, contribuindo para que este processo se torne mais sofrido para a mulher. Por outro lado, a reação dos parceiros diante da mastectomia depende da reação da mulher: aceitando a amputação da mama, influencia o marido a também aceitar o fato, melhorando o relacionamento.

Entendendo a família como um sistema interligado, cada um dos seus membros tem influência sobre o outro, sendo que o adoecimento de um dos integrantes, neste caso mãe/esposa, tem reflexos no comportamento, no estado emocional e até biológico dos demais. O câncer de mama e a mastectomia causam uma situação de desorganização entre os membros, sendo que com o passar do tempo a situação vai sendo processada, enfrentada e elaborada, possibilitando à família reorganizar-se com base nas novas experiências e nos velhos laços que os uniam. O afeto familiar permite à mulher manter uma certa estabilidade para lutar contra a doença, conseguindo suprir suas carências emocionais e alcançando uma melhor aceitação e orientação comportamental. (Bervian & Girardon-Perlini, 2006).

Nesse mesmo sentido, Cunha (2004) afirma que

a família/cuidador exerce um papel primordial na vida destas mulheres, oferecendo apoio e ajudando-as a suportarem melhor o diagnóstico da doença e superarem os transtornos advindos deste, como a perda da mama, garantindo desta forma uma vida mais ajustada, menos estressante e com perspectivas de cura. (p.10).

Para isso, segundo a autora, o cuidador deve ser capaz de entender as necessidades do outro e de responder a elas de forma adequada. Diante de uma mutilação e modificação da imagem corporal, o cuidador deve estar presente auxiliando, orientando e até ensinando mudanças na prática diária incorporando novas rotinas, novos cuidados e novos desafios, visto que a mudança traz consigo dificuldades que nem sempre são fáceis de superar. (op cit.).

Cunha não deixa de salientar o significado particular que um acontecimento vital como o câncer de mama e a mutilação representam. Segundo a autora, esse momento afeta a vida familiar como um todo e é capaz de produzir modificações na estrutura e no funcionamento da família, implicando em ajustamentos e mecanismos de enfrentamento a fim de incorporar uma nova situação. (op cit.).

O relacionamento marital, quando existente, é considerado por muitos autores como fundamental para a reestruturação da integridade da mulher, já que por conseqüência da mutilação proveniente da mastectomia, a mulher tem sua auto-imagem alterada , interferindo na sua autoconfiança e auto-estima. Dessa forma, nesse momento em que ela se sente diminuída na sua feminilidade, atratividade e sexualidade, a presença do companheiro se torna imprescindível para esta reestruturação. (Arán et al., 1996).

Segal (citado por Paula, s.d.) observa que os casais que tentam vencer a dor e o sofrimento sozinhos, isolados um do outro e não compartilham a tristeza, tendem a considerar o processo da doença e do tratamento mais difícil. Cunha (2004) considera que a falta de apoio do marido nesses momentos de doença é considerada como forte agressão à mulher, afetando sua auto-estima, num momento em que necessita de ser aceita, de compreensão e de carinho.

Sabe-se que o câncer de mama e a conseqüente mutilação causada pela cirurgia não afetam apenas as relações familiares: as relações sociais são profundamente afetadas, já que o câncer ainda possui uma conotação de contágio e terminalidade, causando preconceito por parte das pessoas. Aliado a esse aspecto, o constrangimento associado à doença estigmatizante, leva a mulher a se afastar do seu convívio social. (Melo, Silva & Fernandes, 2005).

Essa inadequação dos relacionamentos sociais da mulher mastectomizada no período de readaptação, poderá dificultar o seu ajustamento social, dificultando assim, a sua reabilitação. (op cit.). A morte dos papéis sociais que se dá pela mudança da rotina vivida anteriormente gera uma necessidade constante de adaptação ao tratamento e ao novo estilo de vida, limitado em decorrência da cirurgia.

Duarte e Andrade (2002) observaram que as dificuldades encontradas na retomada da vida social após a mastectomia é caracterizada por uma série de fantasias e medos, despertados pelo contato com o mundo externo, implicando numa mudança de comportamento em que as mulheres mais sociáveis tornaram-se mais reservadas. Pode-se observar na pesquisa dos autores que nem sempre o mundo externo ou as pessoas do convício social reagem ou dão alguma impressão que leve as mulheres mastectomizadas a se afastarem. Muitas vezes essas mulheres fantasiam em cima do comportamento das pessoas, crendo que sua percepção é verídica.

Uma pesquisa realizada por Sales et al. (2001) quanto ao funcionamento social das pacientes, demonstrou que o relacionamento familiar e social não mudou para 60% das mulheres após o diagnóstico e tratamento. As demais (40%) relataram mudanças tanto positivas quanto negativas. Dentre as mudanças negativas encontram-se dificuldades da própria paciente, como depressão, isolamento, vergonha e diminuição do prazer sexual, e também dificuldades em relação ao comportamento das outras pessoas, como distanciamento, curiosidade e discriminação. Já como mudanças positivas, foi relatado com unanimidade, a atenção recebida, que se tornou mais freqüente.

Melo, Silva e Fernandes (2005) utilizam a idéia de autoconceito associado ao câncer de mama, no sentido de que, o valor que a mulher atibui a si mesma influencia o significado de sentir-se com câncer, que influencia por conseguinte, a forma de dar e receber afeto das outras pessoas. Através do processo de autoconceito, a pessoa desenvolve a capacidade para o enfrentamento de problemas.

Outra questão muito discutida por autores é que as cirurgias mutiladoras também podem afetar a percepção do próprio corpo, implicando em mudanças na imagem corporal, podendo vir a afetar a sexualidade das pacientes submetidas à mastectomia, como será abordado a seguir.

Continuação amanhã.....

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Como visualizar?




Tive a oportunidade de estudar e aprender sobre a técnica de visualização de Carl Simonton no curso de psico oncologia no Neppho, estou compartilhando no blog!!!
O médico oncologista Carl Simonton, foi o primeiro médico ordoxo a utilizar uma técnica xamânica para tratamento de câncer, ele é mundialmente conhecido por isso. Durante muitos anos colegas da classe médica o desprezaram, chamaram-no de charlatão. Atualmente seu sucesso no tratamento do câncer com métodos de visualização é tão grande que té os mais descrentes o reconhecem.

A base desse revolucionário tratamento, é que a atitude psicológica básica de um ser humano determina sua capacidade de resistência às doenças.

O fato de seu avô ter morrido de cancer um pouco antes do seu nascimento e do próprio Simonton ter sofrido um câncer de pele aos 16 anos, fez com que ele dedicasse sua vida ao tratamento do câncer. Especializou-se em radioterapia, pois achava o caminho mais curto para a cura.

Simonton notava em seus pacientes o desânimo e a falta de esperança que os atiniam. Foi quando buscou respostas na psicologia e na psiquiatria moderna, mas nada o satisfazia.

Anos mais tarde, encontrou, de forma inesperada com psicológos industriais que que aplicavam uma técnica de fazerem trabalhadores vizualizarem o resultado final do trabalho, aumentando a produtividade e motivação.

Simonton passou a empregar essa técnica em seu trabalho com um paciente idoso, portador de cancer no aparelho digestivo e já desenganado pelos médicos. Explicou-lhe como devia relaxar, e de olhos fechados, imaginar que seu próprio corpo era forte, e que devia imaginar-se como uma pessoa totalmente curada. E o incrivel ! Ele conseguiu salvar o homem : o câncer sumiu e a quimioterapia teve poucos efeitos colaterais.

Ele tinha encontrado inconscientemente, um método já existente há milhares de anos e aplicado por xamãs : a imaginação, a visualização. Quando descobriu isso, Simonton, decidiu dedicar a sua vida à introdução desse método de cura na medicina moderna. Imagine o que ele não teve que engolir de agressões, ofensas, etc.

No periodo de 10 anos fez estudos profundos e verificou que os pacientes tratados por ele viviam, em geral, diuas vezes mais que outros, tratados nos hospitais mais renomados, com métodos considerados eficazes. Os estudos de Simonton agora fazem parte da história da medicina.

Como muitos terapeutas e xamãs, Simonton é um curador ferido. Ele deixa seus pacientes à vontade, deixando eles mesmos decidirem se querem viver ou morrer . Se querem morrer ele utiliza processo de relaxamemto, meditação e visualização para facilitar o processo de separação. Quando o paciente escolhe vida, os exercícios ajudam-no a sarar.

Diz Simonton : " O leigo se impressiona muito com o fato de qua a imagem geralmente aceita a respeito da doença - que é o câncer " devora vorazmente todo o corpo da vítima - é totalmente errada. Células cancerígenas são tão frágeis que é quase impossível cultivá-las num tubo de ensaio. Se isso finalmente acontece e o cientista acrescenta no recipiente glóbulos brancos, nunca se vê as células cancerígenas atacarem os glóbulos brancos. Ao contrário, são os glóbulos brancos que iniciam imediatamente o ataque. O que quer dizer que um tumor maligno apenas consegue alastrar-se dentro do corpo humano sob condições muito específicas, e tais condições são criadas principalmente por emoções destrutivas, como raiva contida, medo e desesperança. E, como hoje cientistas especializados em psiconeuroimunologia sabem, esses estados psicológicos negativos atacam o sistema imunológico através de " mensageiros ".

Quando o paciente aprende a arrancar essas emoções de seu subterrâneo psicológico e lidar construtivamente com elas, o câncer não encontra mais substâncias que o alimentem e desaparece. Além disso, medo, raiva e desesperança são muitas vezes gerados por informações falsas. E quem descobre que as células cancerígenas são tolas e vulneráveis pode na hora, acabar com as emoções totalmente erradas cultivadas a respeito da doença.

Carl Simonton aconselha um método de autoquestionamento, que ajuda muito, atraindo forças autocurativas que conservam e fortalecem a saúde e também o cultivo das chamadas emoções neutras como tranquilidade e paz., que segundo ele são mais importantes até que as positivas como alegria, felicidade, etc. e são as mais negligenciadas e é fácil chegar nelas com quatro respirações profundas.



Veja o sistema de autoquestionamento

Para se descobrir se determinadas atitudes emocionais ou mentais são prejudiciais ou destrutivas, oferecendo um capo fértil para as células cancerígenas, o dr. Simonton pede aos seus pacientes que respondam as seguintes cinco perguntas :


Essa atitude está baseada em fatos ?
Ela protege minha vida e minha saúde ?
Ela me ajuda a evitar meus conflitos indesejáveis ?
Ela ajuda a me sentir como eu gostaria ?
Ela me ajuda a concretizar os meus planos, tanto aqules realizáveis a curto como a longo prazo?
Essa lista de perguntas foi inventada pelo psicólogo comportamental Maultsby. O paciente deve carregá-la consigo durante um bom tempo, até que ela se torne uma parte inseparável de seu pensamento. Se ele a respeito de determinado tema, consegue responder tres vezes " sim " está indo bem. Mas, muitas vezes, nem consegue responder um único " sim " porque, segundo Simonton, quase todas as convicções culturais são insalubres. ( Muitos de nós conhecem pessoas que, apenas confrontadas por uma doença perigosa, tiveram a coragem de transformar-se radicalmente e, como consequência, se tornaram tão felizes e equilibradas que se despediram com facilidade de sua doença ou vice -versa)

Quando, com ajuda das cinco perguntas, o paciente encontra uma atitude da qual quer se livrar ( por exemplo: " Meu corpo nunca conseguirá vencer o câncer "), ele se pergunta como formular uma atitude nova e saudável. E começa a " trabalhar " com tal atitude, imaginando tres vezes por dia, em estado total de relaxamento, como seu corpo está liquidando o câncer. Conforme as experiências do dr. Simonton mostram, as primeiras mudanças se anunciam de maneira incontestável em três ou quatro semanas de um trabalho consequente.

A terapia pela imagem é hoje usada em conjunto com outras terapias, como cirurgia, irradiação e drogas, para redução do estresse e mudanças de atitudes em diversas patologiaas como o câncer, doenças cardíacas, aids, artrite, etc. Pesquisas demontram que a imagem afeta a fisiologia do corpo. Elas podem estimular o sistema imunológico que defende o organismo dos vírus e bactérias, até mesmo das células cancerígenas.

Ela pode baixar a pressão sanguínea e o ritmo dos batimentos cardíacos, o que é útil na prevenção da doença cardíaca, pode reduzir a dor e minimizar os efeitos colaterais de diversas drogas, inclusive a quimioterapia. Ela afeta profundamente a atitude, pode aumentar a sensação de confiança, controle e força e diminuir a desesperança, a depressão e o medo.Essas mudanças de atitude são capazes de estimular a cura.

A terapia pela imagem pode ajudar as pessoas a resolverem problemas existenciais e a fazer escolhas importantes, nos ajuda a amar a vida e o mundo que nos rodeia

Fonte: http://www.xamanismo.com.br/Universo/SubUniverso1189859017It001Ps001

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Psico-Oncologia, Apoio Emocional para o Paciente e Família no Enfrentamento do Câncer




Vera Anita Bif (Psicóloga)

Cuidar das emoções é tão importante quanto o cuidar do físico, principalmente se este for abalado por um diagnóstico de câncer.

Apesar de hoje já se poder falar em “cura” para o câncer graças aos progressos alcançados nas áreas de diagnóstico e terapêutica precoces, ainda é grande o impacto da palavra câncer ligada ao estigma de sofrimento, mutilação e morte.

A palavra câncer é empregada para designar um grupo de doenças que se caracterizam por anormalidades nas células e por sua divisão excessiva e descontrolada.

Sua etiologia é multifatorial. Para que um câncer se desenvolva é necessária a atuação de diversos fatores que vão desde a predisposição genética, a exposição a riscos ambientais externos, determinados vírus e fatores outros.

O câncer pode ser considerado cada vez mais um fenômeno não só biológico, mas também psicológico e social em toda sua amplitude, pois pode acarretar isolamento, negação da doença e uma resistência muito forte frente ao tratamento que também é revestido pelo pré-conceito de sofrimento e dor. Tanto o paciente como a família deveriam ficar aos cuidados de uma equipe multiprofissional, pois a família recebe o diagnóstico junto com o portador, sofre, vibra e torce em cada fase do tratamento. Daí a necessidade imperiosa de se cuidar também da família que possui duplo papel, cuidadora e merecedora de cuidados. É necessário estarmos atentos a todos os fatores e sentimentos que norteiam o cuidar para que a família possa repassar ao paciente uma qualidade de cuidados melhor e uma qualidade de vida mais digna a todos os envolvidos no processo de tratamento.

Viver mais com qualidade de vida e viver com qualidade de vida no câncer.

A maioria dos pacientes com câncer pensa ser invadido por um mal muitas vezes doloroso que ataca a sua integridade e a de sua personalidade, e esta doença constituí uma ameaça não só para sua existência física, mas também psíquica.

A grande maioria dos pacientes com diagnóstico de câncer não tem conhecimento adequado sobre a doença, sobre os tratamentos disponíveis bem como os possíveis efeitos colaterais. A informação correta e fidedigna repassada ao paciente e família é terapêutica e resulta numa adesão e resposta maior do paciente ao seu tratamento. À família transmitir com clareza conhecimentos que lhes permita assumir com segurança o apoio emocional e técnico a função de cuidadores.

Do ponto de vista psicológico o doente e a enfermidade se confundem, pois o câncer afeta a personalidade do paciente, isto é, altera a visão de sua imagem interior, que foi formada ao longo de sua existência.

A relação paciente/equipe de saúde que o assiste deverá não somente focar a doença, mas também dedicar-se a supressão do sofrimento subjetivo e principalmente lutar contra o medo do câncer, quer nos doentes portadores deste mal, quer naqueles que são altamente vulneráveis em seu psiquismo e transformam uma possibilidade, a de ter câncer, em um “fato” fantasioso.

Um modo objetivo e direto de atendimento, que apenas considera a alternativa “sobreviver ou morrer” não leva em conta a qualidade de vida e muito menos a personalidade do doente, seus sofrimentos, angústias e, sobretudo as suas fantasias, ilusão erroneamente sentida pelo médico o qual acredita que seu paciente espera dele somente que os cure ou afaste a morte por mais algum tempo.

Para que uma relação médico-paciente seja sólida e válida no plano terapêutico, o médico deve ser capaz de uma identificação com o doente e com a comunidade familiar, não se limitando a um diagnóstico e a um tratamento, pois quanto mais fortes forem os sentimentos de receio, pânico e desespero do doente e familiares, mais eles desejam encontrar na figura do médico, e em toda a equipe, a calma e a segurança. Pode-se dizer que, a presença compreensiva do médico à cabeceira do doente é, portanto, mais útil que qualquer “droga”.

A Psico-Oncologia, área de interface entre a Psicologia e a Oncologia, vem atender à ampla gama de aspectos psicossociais que envolvem o paciente de câncer. Estuda ainda o impacto deste diagnóstico no psiquismo do paciente e em toda sua família.

Sua abrangência vai da pesquisa ao estudo de variáveis psicológicas e sociais relevantes para a compreensão da incidência, da recuperação e do tempo de sobrevida após o diagnóstico do câncer.

Neste cenário a Psico-Oncologia surge com o objetivo maior de oferecer ao paciente e família e ainda a toda a equipe de saúde envolvida no tratamento, apoio emocional que lhes permita enfrentar a doença melhorando a qualidade de vida em todos os estágios, desde a prevenção, diagnóstico, tratamento, cura e/ou cuidados paliativos.

O fortalecimento do estado emocional proporciona ao paciente maior adesão ao tratamento e melhor resposta física, assim como mais equilíbrio, entendimento e como desdobramento destes fatores, uma melhor dinâmica familiar.

A dimensão do cuidar do paciente oncológico caracteriza-se pela importância do cuidar sobre o curar; exige atitudes humanas, não apenas analíticas, compreensíveis e essencialmente científicas; ver não somente a doença, mas o que existe de sadio em nosso paciente.

É importante que desde o início o paciente se envolva integralmente com o tratamento sendo um participante ativo e não passivo de seu processo de cura.

Envolver-se nesse caso é entender que a cura não significa somente algo que me é dado de fora para dentro, mas que exige do paciente mudanças significativas que vão desde mudanças de hábitos de vida diária como, por exemplo, a inclusão de uma alimentação saudável, se eximir de vícios, a prática de exercícios moderados mas constantes, a tomada de consciência de que suas decisões são soberanas e que vão fazer o grande diferencial de escolha para uma resposta significativa de seu corpo. Somos o que comemos, mas também o que fazemos como agimos e no que pensamos.

FONTE: http://www.oncoguia.com.br/site/interna.php?cat=134&id=496&menu=2

domingo, 22 de maio de 2011

STRESS E DOENÇAS CRÔNICAS



Lucia Emmanoel Novaes Malagris

Presidente da Associação Brasileira de Stress



As doenças crônicas têm se mostrado como muito preocupantes na medida em que vêm se revelando como responsáveis por alto índice de mortes no Brasil e no mundo. Tais doenças têm em sua etiologia uma série de fatores de risco, dentre eles o sedentarismo, a alimentação inadequada, o tabagismo e o stress emocional. A longevidade também influencia a presença dessas doenças, pois as pessoas estão durando mais e ficando, portanto, mais vulneráveis às mesmas. A longevidade se soma a um estilo de vida pouco saudável e a predisposições genéticas individuais para explicar o desenvolvimento das doenças crônicas.

Embora os fatores de risco devam ser considerados em conjunto para compreender e tratar uma doença crônica, o stress emocional deve ser enfatizado para que seja possível um esclarecimento do papel do mesmo nesse tipo de doença. O paciente necessita, a princípio, entender a importância do stress na doença que ele apresenta. Uma linguagem clara, objetiva e bem adaptada para o tipo de paciente precisa ser utilizada para que o esclarecimento seja real. Tal compreensão possibilita que o paciente tenha uma boa adesão ao tratamento, de modo a aceitar a implementação de mudanças no seu dia-a-dia. As alterações psicofisiológicas e os efeitos no sistema imunológico, decorrente de um stress crônico devem ser explicadas ao paciente, buscando-se relações claras, dentro do possível, com a doença que o mesmo possui.

É importante investigar junto com o paciente o momento de surgimento da doença e a situação de vida na época. Buscar entender se o stress esteve presente nesse momento. Assim também devem ser investigadas as épocas das recidivas e buscar entender se haviam fatores estressores presentes na época. Observam-se relatos de pacientes com doenças crônicas que revelam a associação de fases de vida estressantes com o aparecimento e/ou recidivas de doenças desse tipo. Além disso, se o stress emocional se mantém, ele também tem importante participação na manutenção e/ou agravamento da doença crônica, pois as alterações psicofisiológicas características do stress continuam atuando e exercendo seu papel em um organismo já prejudicado.

Também é importante mencionar que saber-se portador de uma doença crônica, dependendo da interpretação dada ao fato, já pode se constituir em um estressor que ajuda na manutenção do stress e de suas conseqüências no organismo, o que inclui a doença já desenvolvida. Logo, é importante investigar como a pessoa está interpretando a doença, suas crenças sobre o tratamento, sobre a instituição onde se trata e sobre o profissional que o atende.

O papel da doença na vida da pessoa também deve ser identificado, pois para algumas pessoas a doença acaba trazendo uma “falsa vantagem” que o leva a não adesão ao tratamento, já que o mesmo eliminaria tal vantagem. Exemplo disso poderia ocorrer com uma pessoa hipertensa que, depois do diagnóstico, passou a ter toda a atenção da família a qual se mostra preocupada com sua saúde e passou a demonstrar uma preocupação que antes não ocorria. Essa pessoa, caso sofresse de carência afetiva, poderia ver vantagem em ser hipertensa em função da atenção conquistada a partir da mesma. Caso se identifique esse tipo de situação o terapeuta precisará com habilidade para que o paciente tenha uma visão mais realista da doença e de seus prejuízos.

Outro importante ponto é que a doença crônica exige uma série de mudanças em hábitos de vida que podem trazer um sentimento de que o tratamento é algo punitivo, ao invés de se constituir em melhoria da qualidade de vida. Esse sentimento de punição está associado à perda de reforçadores, ou seja, muitas vezes o doente crônico precisa deixar de ter algumas atividades prazerosas para ele e precisa passar a ter atividades vistas como desagradáveis. Exemplo disso é o caso do hipertenso que não pode mais comer sal e precisa fazer atividade física. Dessa forma, o indivíduo não consegue ver vantagens no tratamento e não adere ao mesmo, comportamento que mantém e/ou agrava a doença e gera mais stress e sofrimento. Além disso, tal comportamento de não adesão pode trazer culpa e mais stress. Importantes se mostram estratégias de intervenção para o controle do stress que incluam mudança de estilo de vida e uma visão mais adaptativa sobre o tratamento, buscando-se melhor adesão e, assim, melhor qualidade de vida.

Psicologia da Saúde




Nas últimas décadas, pesquisas realizadas têm demonstrado que o comportamento e o estilo de vida dos indivíduos podem ter um impacto significativo sobre o desenvolvimento ou a exacerbação das doenças. Muitos comportamentos que auxiliam na promoção e na manutenção da saúde são geralmente desenvolvidos durante a infância e a adolescência, como hábitos alimentares saudáveis e prática de atividades físicas. Como especialistas em comportamento e saúde, os psicólogos têm desenvolvido e implementado programas que visam ao aumento na frequência de comportamentos saudáveis (Miyazaki, Domingos & Caballo, 2001).

No Brasil, as instituições de saúde constituem um novo campo de atuação para os psicólogos. O crescente interesse pela atuação na área específica da saúde surge da necessidade de entender e pensar o processo saúde/doença numa dimensão psicossocial e de compreender e intervir sobre os contextos do indivíduo ou grupos, expostos a diferentes doenças e condições de saúde impróprias.

Durante os últimos anos, diante da ideia de que a saúde, como um dos valores mais importantes para o ser humano, tem um impacto nas pessoas, os psicólogos têm-se dedicado a estudar e intervir sobre este impacto (Sebastiani, 2003).



Definição e Desenvolvimento

A Psicologia da Saúde é uma área recente, desenvolvida principalmente a partir da década de 70, cujas pesquisas e aplicações, respectivamente, visam a compreender e atuar sobre a inter-relação entre comportamento e saúde e comportamento e doenças. Até há mais ou menos três décadas atrás, a intervenção psicológica na área da saúde, estava quase que exclusivamente situada na área da saúde mental (Miyazaki, Domingos & Caballo, 2001; Barros, 2002).

O estudo da Psicologia da Saúde diz respeito ao comportamento humano no contexto da saúde e da doença, tomando como objeto o funcionamento psicológico das pessoas na sua relação com a saúde e a doença. Também são objetos de estudo os funcionamentos psicológicos habitualmente saudáveis envolvidos em situações que, mesmo implicando ajuste emocional, não acarretam alterações no estado de saúde, como por exemplo, a gravidez e o envelhecimento (Barros, 1999).

A Psicologia da Saúde não está interessada diretamente pela situação, que cabe ao foro médico. Seu interesse está na forma como o sujeito vive e experimenta o seu estado de saúde ou de doença, na sua relação consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Objetiva fazer com que as pessoas incluam no seu projeto de vida, um conjunto de atitudes e comportamentos ativos que as levem a promover a saúde e prevenir a doença, além de otimizar técnicas de enfrentamento no processo de ajustamento ao adoecer, à doença e às suas eventuais consequências (Barros, 1999).

Dessa forma, a Psicologia da Saúde busca compreender o papel das variáveis psicológicas sobre a manutenção da saúde, o desenvolvimento de doenças e comportamentos associados à doença. Além de desenvolver pesquisas sobre cada um desses aspectos, os psicólogos da saúde realizam intervenções com o objetivo de prevenir doenças e auxiliar no manejo ou no enfrentamento das mesmas (Miyazaki, Domingos e Caballo, 2001). Segundo De Marco (2003), o termo “psicologia da saúde” tem sido utilizado para denominar o conjunto de atividades exercidas por profissionais da área de psicologia no campo da saúde, não somente nas formas de assistência e pesquisa, mas também na forma de ensino.

Trindade e Teixeira (1998 e 2002) afirmam que o domínio da Psicologia da Saúde diz respeito ao papel da Psicologia, como ciência e como profissão, nos campos da saúde e da doença, incluindo as saúdes física e mental e abrange todo o campo da Medicina, mas ultrapassando-o ao levar em conta os fatores sociais, culturais e ambientais relacionados com a saúde e com a doença, uma vez que as significações e os discursos sobre a saúde e as doenças são diferentes consoantes com o estatuto socioeconômico, o gênero e a diversidade cultural.

Assim, dando relevância à promoção e manutenção da saúde e à prevenção da doença, a finalidade principal da Psicologia da Saúde é compreender como é possível, através de intervenções psicológicas, contribuir para a melhoria do bem-estar dos indivíduos e das comunidades (Trindade e Teixeira, 2002). A definição mais conhecida de Psicologia da Saúde foi dada por Matarazzo (1980):



P.S. é o conjunto de contribuições educacionais, científicas e profissionais específicas da Psicologia, utilizadas para a promoção e manutenção da saúde, prevenção e tratamento das doenças, identificação da etiologia e diagnóstico (de problemas) relacionados à saúde, doença e disfunções, para a análise do sistema de atenção à saúde e formação de políticas de saúde (p. 815).



Dessa forma a área se distingue da Psicologia Clínica por compreender o comportamento no contexto da saúde e doença. Embora possa ser importante distinguir saúde mental e física, a Psicologia da Saúde focaliza principalmente os aspectos físicos da saúde e doença e os modelos empregados em saúde mental nem sempre são os mais indicados (Kerbauy, 2002).

Albery e Manafò (2008) seguem essa linha de pensamento, afirmando que a Psicologia da Saúde está interessada na saúde física em oposição à saúde mental, foco da Psicologia Clínica.

Historicamente, a Psicologia da Saúde começou com um grupo de trabalho em 1970, na American Psychological Association (APA), e, em 1978 foi criada a divisão 38, chamada Health Psychology, em resposta a uma crescente área de prática e pesquisa. Os objetivos básicos da divisão são avançar no estudo da Psicologia como disciplina que compreende a saúde e a doença através da pesquisa e encorajar a integração da informação biomédica com o conhecimento psicológico, fomentando e difundindo a área. Apesar de ser uma disciplina nova, a Psicologia da Saúde tem crescido rapidamente. A APA publica, desde 1982, a revista Health Psychology, a primeira oficial da área. Seguindo a tendência, em 1986, formou-se, na Europa, a European Health Psychology Society (EHPS, 2003), uma organização profissional que visa a promover a pesquisa teórica e empírica e suas aplicações para a Psicologia da Saúde europeia. Cada país-membro possui, ainda, sua associação de Psicologia da Saúde, que realiza atividades como congressos, simpósios, pesquisas etc. Foram criadas várias revistas especializadas: British Journal of Health Psychology (Reino Unido), Revista de Psicologia de la Salud (Espanha), Psicologia della Salutte (Itália), entre outras (Kerbauy, 2002; De Marco, 2003; Castro & Bornholdt, 2004; Sarafino, 2004).

Também em 1978 foi definido pelos participantes da Yale Conference, o campo de Medicina Comportamental que procurava integrar as ciências comportamentais e biomédicas. A perspectiva comportamental serviu como base para o campo da Psicologia da Saúde (Sarafino, 2004; Kerbauy, 2002).

A denominação é problemática e baseada em referenciais teóricos e discussão de como denominar uma área que aplica os princípios de psicologia a problemas de saúde e doença: medicina psicossomática, medicina comportamental, psicologia da saúde e psicologia hospitalar (Kerbauy, 2002). Bellar e Deardorff (citado por Miyazaki, Domingos e Caballo, 2001) alertam que a utilização de termos como medicina comportamental, psicologia médica e medicina psicossomática é “inadequada, confunde e limita o campo de atuação do psicólogo da saúde” (p. 464). Essa situação se reflete na prática na forma de confusão quanto à definição do papel profissional do psicólogo atuante na área da saúde. Neste contexto, faz-se necessário um apanhado das definições de cada teoria envolvida nessa problemática.

A Medicina Psicossomática é a especialidade médica das enfermidades etiologicamente determinadas por fatores emocionais, suscetíveis de compreensão psicanalítica desde que adequadamente interpretados os conflitos inconscientes específicos (Eksterman, 1975). Explicar os determinantes psicológicos dos sintomas corporais tem sido o principal objetivo daqueles que se dedicam à Medicina Psicossomática.

O conceito de Psicossomática integra três perspectivas: a doença com sua dimensão psicológica; a relação médico-paciente com seus múltiplos desdobramentos; a ação terapêutica voltada para a pessoa do doente, este entendido como um todo biopsicossocial (Eksterman, 1975). No Brasil, a grande maioria dos que militam em Psicossomática são psicanalistas, psiquiatras e psicólogos que trabalham com referenciais analíticos (Mello Filho, 1992).

Seguindo a vertente de Balint na Inglaterra, um psicanalista húngaro que realizou obra fundamental sobre a relação terapêutica em Medicina, e dando um sentido eminentemente prático, Pierre Schneider propõe e define, em 1971, a Psicologia Médica como um campo de estudo da relação médico-paciente (Mello Filho, 1992 & 2005).

A Psicologia Médica é o braço clínico da concepção psicossomática original, com uma diferença fundamental: a Psicossomática estuda as relações mente-corpo e seu foco é a patogenia, enquanto a Psicologia Médica estuda as relações assistenciais e seu foco é a terapêutica. O primeiro ressalta a questão diagnóstica e o segundo, a atuação clínica (Eksterman, 1992). Desse modo, “a Psicologia Médica vem a ser o todo que contém o particular, a visão psicossomática da Medicina” (Mello Filho, 1992, p. 19), ou seja, a Psicossomática ficou sendo o campo conceitual e a Psicologia Médica o terreno da prática profissional.

A Psicologia Médica tem como principal objetivo de estudo as relações humanas no contexto médico. A compreensão do homem em sua totalidade, no seu diálogo permanente entre mente e corpo, na sua condição biopsicossocial é fundamental para a Psicologia Médica (Muniz & Chazan, 1992).

Os autores da Psicologia Médica afirmam que o campo é primordialmente médico, como o próprio nome indica. A “sintomatologia psíquica esconde, mascara o quadro orgânico que subjaz a estas condições que necessitam de uma abordagem eminentemente médica. São situações que exigem a presença de um médico no seu comando” (Mello Filho, 2005, p. 15). Segundo Caixeta, citado por Mello Filho (2005), o doente do corpo, com sintomas psicossomáticos ou somatopsíquicos, é um paciente para ser assistido, a princípio, pelo médico. O paciente pode ser assistido pelo psicólogo, pelo assistente social, por nutricionistas, pelo fisioterapeuta etc, sempre sob supervisão de um médico.

A Medicina Comportamental é uma área do conhecimento relacionada às ciências da saúde, que reúne técnicas de modificação de comportamento para prevenção, tratamento ou reabilitação. Fundamenta-se no conceito de que uma grande parcela das doenças que afetam o homem decorre, principalmente, de comportamentos disfuncionais. A Medicina Comportamental vem se desenvolvendo desde a década de 70, com o encontro de diversas linhas de pesquisa básica e aplicada sobre o papel fundamental da cognição, emoção e comportamento para a etiologia, exacerbação, curso e prognóstico das doenças da área médica (Neves Neto, 2004).

A história da Medicina Comportamental é recente, década de 70, e surge como uma reação dos profissionais da saúde descontentes com a divisão mente e corpo difundidas pelo modelo biomédico, e insatisfeitos com a Medicina Psicossomática que somente empregava teorias psicodinâmicas para investigação das causas psicológicas de diferentes doenças físicas (Neves Neto, 2004). A primeira utilização do termo Medicina Comportamental foi em um livro no qual tenta diferenciá-la da medicina psicossomática, já que alguns autores entendiam que a Medicina Psicossomática não cumpria seu papel de adaptar seus métodos e intervenções para ser mais clinicamente útil e relevante (De Marco, 2003).

A característica definidora fundamental da Medicina Comportamental é a interdisciplinaridade, por se tratar de um conjunto integrado de conhecimentos biopsicossociais relacionado com a saúde e as doenças físicas, ou seja, considera a saúde e a doença como estados multideterminados por um amplo leque de variáveis, entre as quais devem-se incluir as do tipo somático ou biofísicas, as do tipo psicológico ou comportamentais e as externas ou ambientais (Caballo, 1996).

O termo “Medicina Comportamental” é utilizado frequentemente e incorretamente como similar da “Psicologia da Saúde”, porém, a prática da medicina comportamental também inclui terapias psicofisiológicas aplicadas, tais como biofeedback, hipnose e terapia comportamental de distúrbios físicos, aspectos da terapia ocupacional, medicina, reabilitação e fisiatria, bem como medicina preventiva (Caballo, 1996; Neves Neto, 2004; Leite, 2010).

Já a Psicologia Hospitalar “é o campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento” (Simonetti, 2004, p. 15). Para lidar com essa dimensão afetiva/emocional, a Psicologia Hospitalar é a especialidade da Psicologia que disponibiliza para doentes, familiares e profissional da equipe de saúde, o saber psicológico, que vem a resgatar a singularidade do paciente, suas emoções, crenças e valores (Bruscato, 2004). O objetivo da Psicologia Hospitalar é a elaboração simbólica do adoecimento, ou seja, ajudar o paciente a atravessar a experiência do adoecimento através de sua subjetividade (Simonetti, 2004).

De acordo com a definição do órgão que rege o exercício profissional do psicólogo no Brasil, o Conselho Federal de Psicologia, CFP (2010), o psicólogo especialista em Psicologia Hospitalar atua em instituições de saúde, participando da prestação de serviços de nível secundário e terciário da atenção à saúde, realizando atividades como: atendimento psicoterapêutico; grupos psicoterapêuticos; grupos de psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria.

Ainda segundo o CFP, o psicólogo oferece e desenvolve atividades em diferentes níveis de tratamento, tendo como principal tarefa a avaliação e acompanhamento de intercorrências psíquicas dos pacientes que estão ou serão submetidos a procedimentos médicos, visando basicamente a promoção e/ou a recuperação da saúde física e mental. Promove intervenções direcionadas à relação médico/paciente, paciente/família, paciente/paciente e do paciente em relação ao processo do adoecer, hospitalização e repercussões emocionais que emergem neste processo. Além de atuar em instituições de saúde, atua também em instituições de ensino superior e/ou centros de estudo e de pesquisa, visando o aperfeiçoamento ou a especialização de profissionais em sua área de competência, ou a complementação da formação de outros profissionais de saúde de nível médio ou superior, incluindo pós-graduação lato e stricto sensu (CFP, 2010).

O termo Psicologia Hospitalar tem sido usado no Brasil para designar o trabalho de psicólogos em hospitais. Essa denominação é inexistente em outros países além do Brasil (Sebastiani, 2003; Yanamoto, Trindade & Oliveira, 2002; Tonetto & Gomes, 2005). Yanamoto, Trindade & Oliveira (2002) e Chiattone (2000) explicam que o termo Psicologia Hospitalar é inadequado por pertencer à lógica que toma como referência o local para determinar as áreas de atuação, e não prioritariamente as atividades desenvolvidas. Assim, o termo denomina um local de atuação e não um campo de saber.

A APA (2010) demarca o trabalho do psicólogo em hospitais como um dos possíveis locais de atuação do psicólogo da saúde. Chiattone (2000) refere que a Psicologia Hospitalar é apenas uma estratégia de atuação em Psicologia da Saúde, e que, portanto, deveria ser denominada “Psicologia no contexto hospitalar”.


Raquel Ayres de Almeida
CRP-05/32597