sexta-feira, 15 de abril de 2011

URGÊNCIAS PSICOLÓGICAS NA PRÁTICA CLÍNICA E HOSPITALAR

DEPRESSÃO:
Síntese de um texto sobre Depressão da Psicóloga e Professora ( PUC- SP) Heloísa Chiattone.

O QUE PODE CAUSAR DEPRESSÃO?


• PERDAS FINANCEIRAS
• DESEMPREGO OU FALTA DE PERSPECTIVA
• APOSENTADORIA
• SEPARAÇÕES CONJUGAIS
• MORTE OU DOENÇA NA FAMÍLIA
• DOENÇAS
• GRAVIDEZ, PARTO E MENOPAUSA
• PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA
• ESTRESSE PÓS TRAUMÁTICO (após assalto, acidentes, sequestro, etc)
• DOR CRÔNICA

SINTOMAS:

• A depressão pode aparecer como uma resposta a situações reais, quando diante de fatos desagradáveis, frustrações e perdas. Trata-se, neste caso, de uma RESPOSTA A CONFLITOS e determinados por fatores vivenciais frustrantes

• Daí a denominação Depressão Reativa ou seja em reação a alguma coisa real que pode ser casualmente relacionada àquela reação → FONTE EXÓGENA
• Perda de energia ou interesse
• Humor deprimido
• Dificuldade de concentração
• Alterações do apetite e do sono
• Lentificação das atividades físicas e mentais
• Sentimento de pesar ou fracasso
• Pessimismo
• Dificuldade em tomar decisões
• Dificuldade para começar a fazer suas tarefas
• Irritabilidade e impaciência
• Inquietação
• Achar que não vale a pena viver; desejo de morrer
• Chorar à-toa
• Sensação de que nunca vai melhorar, desesperança...
• Dificuldade de terminar as coisas que começou
• Sentimento de pena de si mesmo
• Persistência de pensamentos negativos
• Queixas freqüentes
• Sentimentos de culpa injustificáveis
• Boca ressecada, constipação, perda de peso e apetite, insônia, perda do desejo sexual

FATORES DE RISCO:

• História familiar de depressão;
• Sexo feminino;
• Episódios anteriores de depressão;
• Parto recente;
• Stress;
• Dependência de droga

DEPRESSÃO SECUNDÁRIA

Relacionada diretamente a efeitos fisiológicos de uma condição médica geral

Hospital envolve a IMPREVISIBILIDADE

Alterações que surgem inesperadamente na vida do paciente

As reações psicológicas são as mais variadas:
Medo
Ansiedade
Ressentimentos
Abalos na autonomia
Perda do autodomínio
Sensações de estranheza
Alteração na auto-estima e auto-conceito

A ruptura causada pela internação envolve sofrimento, dor, perdas, incertezas e mudanças

Os pacientes experienciam estressores como o medo real da morte, a forçada dependência ou perdas de função

A separação da família e a perda de autonomia, freqüentemente, promovem a regressão psicológica

Alguns pacientes podem tentar enfrentar ou lidar com os estressores por supressão de seus sentimentos, com prejuízos graves para suas condições emocionais

Outros ainda expressam reações de descontrole e agressividade, insatisfatórias para a equipe, como agitação, desespero, choro convulsivo, agressões à enfermagem, manobras enfim, que atuam como poderosos estressores também para o ”staff”, visto estes pacientes estão conscientes mas emocionalmente frágeis

• As anomalias na função psicológica, incluem perturbações no comportamento, no humor, no afeto, na percepção e no pensamento são considerados severos fatores que afetam o paciente, aumentando a incidência para os sintomas tornarem-se proeminentes

• Agitação e depressão podem complicar seriamente o curso da hospitalização e a compreensão do evento que ameaça a vida.



Continuação amanhã...

quinta-feira, 14 de abril de 2011




psicoterapia infantil



A prática da psicologia que trabalha com o objetivo de favorecer o bem estar e a qualidade de vida da criança e de sua família, é a Psicoterapia Infantil.
Essa prática também é útil na prevenção de problemas familiares e infantis e na redução de dificuldades já instaladas na família e na criança. Geralmente, os pais ou os professores encaminham a criança para um acompanhamento psicoterápico quando observam algum comportamento não usual que os preocupam. Alguns exemplos desses comportamentos são os comportamentos de bater, morder, chutar ou empurrar pessoas, destruir objetos, roubar e mentir em excesso. Os pais também se preocupam quando o filho é muito quieto, tem dificuldade pra fazer amigos, é muito tímido ou parece triste. Crianças que adoecem muito, crianças que não obedecem os pais, aquelas que tem dificuldades de aprendizagem ou de atenção, também podem ser ajudadas pela psicoterapia infantil. A terapia promove o exercício da observação do comportamento, para que os pais possam identificar se os comportamentos dos seus filhos são adaptativos ou não. Ao longo do processo psicoterápico, os pais aprendem a identificar as dificuldades de seus filhos e também suas potencialidades. O terapeuta conduz os pais na discussão das expectativas que têm a respeito dos comportamentos e dos sentimentos de seus filhos. Alguns acontecimentos como a morte ou o adoecimento de algum membro da família, a separação dos pais, o casamento de um dos pais, o nascimento de um irmão, a mudança de cidade ou de escola, ter sofrido ou presenciado algum tipo de violência, influenciam a saúde psicológica da criança, que muitas vezes precisa de ajuda para identificar e compreender seus sentimentos e pensamentos sobre esses episódios marcantes de sua vida. A terapia infantil, portanto, é um momento no qual a criança é acolhida e ouvida, podendo expressar seu universo privado e aprender maneiras adaptativas de comunicar sentimentos como raiva, saudade, tristeza, frustração, medo, ansiedade e amor. A participação dos pais é fundamental no processo terapêutico. O propósito da terapia é, muitas vezes, fornecer conhecimento e repertório comportamental aos pais, para que eles possam participar ativamente da melhora de suas interações com seus filhos. As relações entre pais e filhos podem ser marcadas por desobediência, birras, desentendimentos, discussões, brigas e punições, que acabam fazendo sofrer tanto os pais quanto os filhos. Essas condições familiares aversivas geram sentimentos de culpa, arrependimento e insegurança quanto à educação dos filhos. Interromper esse estilo coercitivo e punitivo das interações adulto-criança é o primeiro passo de mudança. Desse modo, os pais encontram na terapia orientações sobre maneiras alternativas de lidar com as dificuldades familiares. Durante o atendimento à criança, o terapeuta infantil usa estratégias lúdicas como histórias, desenhos, colagens, pinturas, jogos, de acordo com a idade da criança, para criar um ambiente no qual ela se sinta à vontade. Por meio dessas atividades, o terapeuta tem oportunidade de conhecer melhor a criança, seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Beatriz Guedes de Castro
Psicóloga Clínica e Hospitalar

CRP: 06/93057



TERAPIA INFANTIL por Luciano Da Rocha Fogaça - Psicólogo (Tubarão- Santa Catarina)


A família é o primeiro elo de contato da criança com o mundo, de modo que quando a interação família – criança está comprometida de alguma maneira, isso interfere no desenvolvimento e funcionamento saudável da criança.
É na família que as habilidades emocionais se constroem, e esta construção depende das habilidades emocionais dos outros membros da família. Os familiares muitas vezes, mesmo em situações difíceis ou pouco satisfatórias para o desenvolvimento humano – como a falta de dinheiro, perda, conflito conjugal, problemas emocionais e doenças – buscam formas de se organizar, tentando superar os problemas, buscando recursos favoráveis para o desenvolvimento dos filhos.
No entanto, muitas famílias não conseguem sozinhas, e aí surge a necessidade de buscar ajuda através de psicoterapia infantil.
A psicoterapia infantil visa auxiliar a criança e os pais e/ou cuidadores quando algo não está bem no desenvolvimento emocional ou social da criança. A terapia fornece respaldo para que a criança siga o fluxo saudável, aprendendo a fazer as suas próprias escolhas – uma vez que os outros não poderão escolher sempre por ela – assim, ajudando-a a se sentir forte (com auto-estima e segurança, sem medo), vendo o mundo em volta tal como ele é realmente.
O trabalho na terapia infantil é realizado através de atendimento lúdico, com utilização de técnicas psicoterápicas como: desenho, fantasia, argila, corte e colagem, estórias, poesias, bonecos – recursos que permitem a criança se experimentar sendo ela mesma.
Desse modo, a criança pode “organizar” os conflitos vivenciados internamente, aproveitando a fase de desenvolvimento com mais tranqüilidade. As técnicas auxiliam a exprimir os sentimentos, emoções, pensamentos, com o objetivo de ajudar a tomar consciência de si e da existência em seu mundo.





INSEGURANÇA, MEDO E SUPERPROTEÇÃO

Atualmente vivemos momentos de muitas crises, seja ela financeira, social ou ate pandêmica, mas nada comparado as dificuldades de 30, 40 anos atrás, onde nossos pais e avós tinham que muitas vezes desbravar as terras em busca do que produzir para comer e beber.
Com todo esse cenário a geração de filhos e netos que constituíram as famílias atuais, tiveram muito mais facilidades, podendo assim oferecer aos filhos muito mais do que os pais puderam dar, em função das dificuldades daquela época. Dessa forma, acabam, involuntariamente ou não, dando aos filhos como se fossem a si mesmos.
Porém, esquece de algo básico na educação que é “não dar o peixe e sim ensinar a pescar”. Dão demais, protegem demais, tornando-se pais superprotetores.
Um grande problema dos pais superprotetores é reconhecer que eles estão falhando no processo de aprendizagem do filho. Em geral, não percebem que, ao tentar fazer de tudo pela criança, estão evitando que ela aprenda a lidar com as próprias frustrações. E isso é fundamental no crescimento e desenvolvimento do caráter e da personalidade.
Em algumas situações, é necessário que os desafios sejam enfrentados por conta própria. É uma forma de estimular o raciocínio e a busca da autonomia para encontrar soluções.
Segundo Hamilton Wright Mabie “a mãe ama o filho da mais divina forma não quando o cerca de todos os confortos e se antecipa a todos os desejos, mas quando resolutamente dele exige os mais altos padrões e não se contenta com nada menos do que seja capaz de dar”.
A psicologia é uma ferramenta extraordinária nesse tratamento, pois é através da psicoterapia que as pessoas dependentes podem se dar conta do enredo no qual fazem parte, e aí, decidirem se querem vivenciar outra possibilidade, que não seja a dependência de alguém.
A psicoterapia ainda pode ajudar os pais na dificuldade que é aceitar que os filhos podem e devem conviver com a dificuldade, que é muitas vezes, na dificuldade que se cresce e amadurece para a vida, assim, colaborando com os pais a lidarem com a frustração da separação dos filhos.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Psicoterapia Breve....


Estratégias (ex):

1. Habilidades para comunicação:

• Saber escutar
• “Refletir” e parafrasear
• Realizar Perguntas
• Dar informações
• Responder ao processo

2. Jogo de papeis:

(Grupos de pacientes, familiares ou entre equipe e estes)

3. Relaxamento:

(Relaxamento progressivo, Treinamento Autógeno, Fantasia Dirigida, etc)

4. Ensaio Cognitivo:

• Informação prévia (procedimento)
• Levantamento de sensações (físicas e psicológicas)
• Aplicação de auto-relaxamento (previamente ensinado) ou uso de fitas K-7
• Visualização da situação a ser enfrentada

Os modelos de intervenção breve têm sido o tratamento de escolha nas situações de crise impostas pela doença e hospitalização. (Freeman e Dattilio, 1995)
As Psicoterapias Breves no Hospital são definidas pela especificidade de limitação a uma ou algumas sessões de tratamento e pela utilização de técnicas características para a consecução de um fim terapêutico específico.
Do princípio ao fim da relação terapêutica, são requeridos um elevado grau de conceitualização e uma escolha cuidadosa de intervenções ou de não-intervenções, constituindo-se em atividade que é dirigida a um fim. (Chiattone 2002)

Avaliação da eficácia do enfrentamento


A utilização eficaz de estratégias de enfrentamento na situação de doença é essencial para garantir o equilíbrio e o bem estar físico, emocional e social de pacientes e familiares.

Em seu dia a dia de trabalho, o psicólogo hospitalar, em tarefa de avaliação e orientação aos pacientes e familiares, fundamentará suas atividades na verificação de recursos internos e externos disponíveis nos pacientes e familiares para o enfrentamento da doença, bem como em consistente reforço de comportamentos positivos e eficazes.

O protocolo psicológico de avaliação psicológica e exame psíquico proposto por Sebastiani e Fongaro (1996), comumente utilizado no Hospital Geral, fundamenta-se no levantamento e avaliação desses recursos, definindo pistas para a atuação do psicólogo. Com ele, o psicólogo tem um excelente instrumento para avaliação da história da pessoa e portanto dos recursos intrapsíquicos inerentes ao paciente que, conjuntamente à história pregressa da moléstia atual, às seqüelas emocionais do paciente, ao temperamento emocional observado, à postura frente à doença e à vida, ao estado psicológico atual e às manifestações psíquicas e comportamentais e as vivências na situação de doença, internação e tratamento, podem instrumentalizar o profissional para avaliar e estimular recursos de enfrentamento do paciente, adequados para a situação de doença.

Assim, as principais funções do Roteiro de Avaliação Psicológica proposto por Sebastiani e Fongaro (1996), podem definir pistas eficazes para instrumentalizar o psicólogo a ajudar o paciente a enfrentar, de forma mais adequada a situação de doença:

> função diagnóstica:

Ao possibilitar o levantamento da Hipótese Diagnóstica e Definição do Diagnóstico Diferencial, o Roteiro de Avaliação Psicológica Aplicado ao Hospital, auxilia o psicólogo na melhor definição das causas e a dinâmica das alterações e distúrbios da estrutura psicológica do paciente avaliado, facilitando a detecção de quadros reativos ou patológicos, exibindo a falência na utilização de recursos de enfrentamento positivos e a possibilidade de pistas consistentes para a ação terapêutica.

> função de orientador de foco:
Ao favorecer a eleição de focos a serem trabalhados, o Roteiro indica ao psicólogo os caminhos possíveis e condizentes para a fortalecimento dos recursos de enfrentamento do paciente.

> fornecimento de dados sobre a estrutura psicodinâmica da personalidade do paciente:
Ao fornecer dados sobre a estrutura psicodinâmica da personalidade do paciente, considerando, essencialmente as perspectivas prognosticas da relação do paciente com seu processo de adoecer e de tratamento, o Roteiro propicia uma eficaz avaliação dos recursos internos, intrapsíquicos do paciente que definirão a escolha de estratégias para o enfrentamento da situação.

> possibilidade de avaliação continuada do processo evolutivo da relação do paciente com sua doença e tratamento:

Considerando que o enfrentamento deve ser considerado sempre como um processo, que muda de acordo com a função das circunstâncias e da avaliação contínua do paciente a respeito do significado de sua sobrevivência, de seu futuro, de seus relacionamentos interpessoais, de sua auto-estima e do empreendimento de suas metas, o Roteiro configura-se como um excelente instrumento de avaliação continuada do processo evolutivo da relação do paciente com sua doença, principalmente levando-se em conta que ao longo da vivência da doença, internações hospitalares, condutas terapêuticas e tratamentos, o paciente passa por momentos ameaçadores distintos que influenciam e alteram seu estado emocional e, por conseqüência, influenciam na escolha e

utilização de estratégias de enfrentamento.>

estabelecimento das condições de relação da pessoa com seu prognóstico (limites e possibilidades):
Ao avaliar e estabelecer as condições da relação do paciente com seu diagnóstico e prognóstico, o Roteiro aponta, nada mais do que as condições de enfrentamento deste na situação de doença e exibe, no mesmo sentido, pistas para a atuação do psicólogo, no fortalecimento de estratégias coerentes e adequadas.

> função terapêutica:
Ao possibilitar ao paciente a verbalização, manifestação, reflexão e confrontamento com diversas questões que lhe são pertinentes ao processo de vida, doença, internação e tratamento, o Roteiro de Avaliação Psicológica Aplicado ao Hospital Geral, favorece e estimula o paciente na busca e utilização de estratégias mais adequadas para o enfrentamento de situação de doença, delineando melhor adaptação à condição de Ser e Estar Doente.

A seu lado, Taylor (1986) sugere que a eficácia do enfrentamento utilizado pelo paciente pode ser avaliada a partir de três parâmetros:

 medidas de funcionamento fisiológico e biológico
Referentes a batimento cardíaco, pulsação e condutividade da pele, níveis baixos de catecolaminas e corticosteróides no sangue e urina.

 retorno às atividades de rotina
O sucesso dos recursos de enfrentamento utilizados pelo paciente estão intimamente ligados à capacidade e rapidez do paciente em retomar suas atividades normais, de rotina, que desempenhava anteriormente à situação ameaçadora (doença, tratamento, cirurgia, internação hospitalar).

Segundo Gimenes (1997), o retorno a alguns ou a todos os tipos de atividades é considerado um parâmetro de avaliação de sucesso de enfrentamento.

redução dos níveis de estresse psicológicoAs estratégias de enfrentamento utilizadas pelo paciente são consideradas eficazes quando níveis de ansiedade ou depressão reduzem, conseguindo o paciente, retomar seu equilíbrio psicológico. A avaliação do estado psicológico atual do paciente, nesse sentido, torna-se instrumento fundamental ao psicólogo para avaliar a eficácia de seus recursos de enfrentamento.

Atualmente, o questionário de Modos de Enfrentamento (Folkman e Lazarus, 1988), tem sido, segundo Gimenes (1997), o instrumento mais utilizado para identificar as estratégias de enfrentamento, segundo a concepção de processo. Tanto em sua versão de questionário para ser auto-administrado, quanto na sua versão de entrevista, esse instrumento também tem servido de modelo a pesquisadores, tornando possível avaliar o enfrentamento como processo contextualizado e específico.

Outros instrumentos também podem ser destacados: Weisman e Worden (1977) propõem uma escala para avaliar o enfrentamento de pacientes com câncer terminal; Hackett e Cassem (1974) publicaram escala de avaliação da negação em pacientes, pós cirurgia coronariana e Sullivan, em 1979, publicou escala que avalia a adaptação ao diabetes, apresentando uma lista de estratégias de enfrentamento diante de situações específicas vivenciadas por pacientes diabéticos.

Rowland (1990), ao revisar estudos realizados para identificar as estratégias de enfrentamento utilizadas por pacientes com câncer, em suas diferentes fases, aponta alguns pontos significativos:

• estratégias e estilos que favorecem respostas ativas para a resolução de problemas são mais efetivos

• o enfrentamento da doença deve ser sempre avaliado e considerado como um processo dinâmico que se mostra interligado às circunstâncias vivenciadas pelo paciente na doença, ao significado da sobrevivência e do futuro, aos relacionamentos interpessoais, aos recursos internos inerentes a cada paciente;

• pacientes mais flexíveis são melhores enfrentadores, possuindo melhores habilidades para o enfrentamento da doença pois conseguem responder prontamente às mudanças na situação que demandam a utilização de novas estratégias;

• os recursos externos, definidos pela natureza e qualidade do suporte social disponível ao paciente, têm fundamental importância na capacidade de enfrentar a doença.

Meyerowitz (1981) ressalta que as reações da equipe médica, dos familiares e amigos, influenciarão o bem estar psicológico do paciente.

Endler e Parker (1990) citam, nesse sentido, que o apoio social é um excelente recurso para o favorecimento de estratégias de enfrentamento, onde o paciente pode utilizar-se de outras pessoas (familiares e amigos) como fonte de informação, orientação ou apoio, quando estiver utilizando o enfrentamento focalizado na resolução do problema ou como fonte de regulação emocional.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Psicoterapia Breve ....


Conceito de Foco

Sophia N. Rosemberg
Ricardo W. Sebastiani
Heloisa B. C. Chiattone


Foco é o material consciente e inconsciente do paciente, delimitado como a área a ser trabalhada no processo terapêutico por meio de avaliação e planejamento prévios. É um conjunto formado por uma série de elementos pessoais, transferênciais conscientes e inconscientes que mobilizam determinada dinâmica do paciente. O trabalho do psicoterapêuta orienta-se sempre no sentido de delimitar um eixo ou ponto nodal da problemática do paciente. Malan (1963) define o foco como ponto de convergência das atenções do terapeuta ou o tema central de interpretações a respeito de uma determinada área de vida do paciente. O mesmo descreve a técnica da terapia focal como um método pelo qual o terapeuta tem um objetivo ou foco que deve ser formulado idealmente com o eixo da terapia e deve ser perseguido quase que obsessivamente, guiando-se o paciente até o mesmo através de interpretações parciais, atenção e descuido seletivo e negando-se terminantemente a desviar o propósito terapêutico deste caminho. Acrescenta que para o sucesso da técnica focal é obvio que também depende por completo de uma boa interação entre paciente e terapeuta, que se deve descrever assim:
a) O paciente oferece material que;
b) possibilita ao terapeuta a formulação de um foco que;
c) o terapeuta oferece ao paciente que;
d) o paciente, por sua vez aceita trabalhar com ele.

Sifneos, define o foco como sendo as áreas circunscritas do conflito, que envolve a formulação de uma estrutura básica em termos psicodinâmicos.

Focalização é um ajuste de diafragma na ótica do terapeuta que induz a concentração seletiva do paciente em certos pontos de sua problemática;
Trabalhando desse modo associações intencionalmente guiadas. A focalização guiada pela dominância de uma motivação que hierarquiza tarefas, com vistas a resolver certos problemas vividos como prioritários. Em situação de crise, o motivo da consulta condensa sintomas, cerca a trama central de conflitos ligados ao sintoma, obstáculos criados para a resolução da situação. Na prática, o foco tem um eixo que é dado pelo motivo da consulta, e intimamente ligado a ele, localizar-se certo conflito central exacerbado. Para trabalhar com focalização, o terapeuta deve usar 3 recursos:

1) Interpretação seletiva - interpretar o material do paciente em relação ao conflito focal.
2) Atenção seletiva ( atenção flutuante) – a busca de todas possíveis relações do material que o paciente traz, com a problemática focal.
3) Negligência seletiva – o terapeuta evita qualquer material que, mesmo interessante, possa desviá-lo da meta a ser atingida.

O foco será o alvo que o terapeuta busca atingir ao centrar sua atenção e sua ação em uma determinada área, procurando transformá-lo numa figura pregnante que se sobressai em relação a um fundo menos demarcado.

Os passos para a delimitação do foco são:

1) Entendimento psicodinâmica da situação atual;
2) Atender o ponto de emergência, que pode ou não coincidir com a queixa manifesta;
3) Delimitar a área de conflito a ser trabalhada com a finalidade de suprimir os sintomas.

Segundo French conflito focal é o conflito mais superficial e atual. E o conflito nuclear é o conflito mais profundo, com origem na infância. O trabalho da técnica focal é concentrar-se na resolução do conflito focal, porém os melhores resultados são obtidos quando o terapeuta, ao planejar o processo, inclui aspectos básicos do conflito nuclear ou primário em compreensão psicodinâmica do conflito. O terapeuta irá encarar o foco de trabalho terapêutico com o paciente por meio da hipótese diagnóstica (no caso de pacientes hospitalizados é sempre importante considerar que trabalha-se predominantemente com diagnósticos circunstanciais); isto é a compreensão global da psicopatologia e da psicodinâmica do paciente.

Psicoterapias Breves:
Estratégias delineadas pelas Intervenções Breves (IB) (Ancona-Lopez,1997), expressão que designa diferentes modalidades de atendimento breve, incluindo as psicoterapias (Yoshida,1990)

A psicoterapia breve e/ou de emergência, fundamentada na teoria de crise, é coerente com as necessidades emergentes de pacientes e familiares.

Conceito:
- O conceito de Psicoterapia Breve enraíza suas origens na teoria psicanalítica.
- Estas surgiram essencialmente como uma resposta ao problema assistencial colocado pela massa dada vez maior de população consultante.

- A partir das décadas de 60 e 70 várias outras modalidades de Psicoterapias Breves, com enfoques não psicanalíticos, mas mantendo os critérios básicos de: - - foco – diretividade – tempo limitado – eliminação dos sintomas mais exuberantes e desestruturantes, foram desenvolvidas.

Embora existam vários modelos de psicoterapia breve, todos eles apresentam em comum o objetivo de remover e aliviar sintomas específicos, de forma adequada e oportuna.

- Psicoterapia com metas limitadas e as características técnicas próprias e essenciais desses procedimentos.
- Psicoterapia de tempo limitado: fixação de um limite de tempo para o tratamento, com uma data de finalização pré-estabelecida.
- Psicoterapia de objetivos limitados.
- Psicoterapia Breve de orientação psicanalítica: terapia originada nas teorias da psicanálise.
- Terapias Planejadas ou Focais: sua peculiaridade é o foco da terapia.
- Psicoterapia não-regressiva.
- Psicoterapia de emergência: terapia de urgência em situações especiais de crise e emergência.


ABORDAGEM COGNITIVO-CONDUCTUAL EM PB:
Objetivos Principais:

a) Redução da Ansiedade;
b) Incremento à cooperação do paciente em relação ao tratamento;
c) Melhoria da aplicação dos Recursos de Enfrentamento e Adaptação do paciente frente à situação de doença-internação-tratamento;
d) Redução da utilização de analgésicos e ansiolíticos;
e) Aceleração da recuperação com conseqüente diminuição do período de internação hospitalar;
f) Redução do tempo e da quantidade de recursos de apoio solicitados pelo paciente. (Rodríguez-Ortega 2000)


Continuação amanhã