quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Impacto da Espiritualidade na Qualidade de Vida de Pacientes Oncológicos


Maria da Gloria Gonçalvez Gimenes (Psico-Oncologista)

Conte-nos quais são os principais objetivos da sua coluna? Quais serão os temas abordados?

O principal objetivo é oferecer ao leitor informações sobre o impacto da espiritualidade na qualidade de vida de pacientes oncológicos, desde o momento do diagnóstico, tratamentos, recuperação e fase terminal da doença. É, na verdade, uma maneira de contribuir para que pacientes e familiares façam uso de crenças espirituais de forma positiva, de tal modo que só fortaleçam seus recursos internos, proporcionando mais esperança, confiança e fé.

Temas como o papel da fé na cura, a importância de rituais religiosos para o bem-estar emocional, a necessidade de rever quem é Deus ou uma força transcendente superior e sua influência em nossas vidas serão alguns dos temas abordados. Além desses, qualquer outro tema de interesse que seja sugerido.

De que forma o diagnóstico do câncer pode afetar a espiritualidade do paciente?

Pode afetar tanto de forma positiva quanto negativa. Por exemplo, uma pessoa ao receber o diagnóstico pode aproximar-se mais de Deus, apoiar-se em pessoas religiosas e buscar coragem e otimismo para enfrentar a doença e tratamentos. Outras podem questionar e se revoltarem contra tudo em que ou quem acreditam. Surgindo então perguntas como: Por que isso está acontecendo comigo? O que eu fiz ou deixei de fazer para merecer passar por tudo isso?

Poderia comentar sobre a diferença entre espiritualidade e religiosidade?
Espiritualidade refere-se a crença em algo superior, uma força, uma energia, comumente chamada de Deus. E, a crença nessa força superior daria sentido à vida e à morte. A conexão com Deus, ou como queira chamar, proporciona esperança, confiança e fé para o enfrentamento de acontecimentos estressantes e dolorosos. Uma pessoa que compartilhe desse conceito não precisa participar de nenhuma religião organizada ou institucionalizada.

Por outro lado, religiosidade implica necessariamente na participação em uma comunidade religiosa institucionalizada onde seus membros participam de rituais e, compartilham de regras e credos específicos.

Como a espiritualidade pode ajudar o paciente durante o tratamento oncológico?
Proporcionando sentimentos de confiança, esperança e proteção. Crendo que existe uma força superior, Deus que está acima de tudo, de todos e, que tudo pode, tudo provê. Por pior que seja o prognóstico, Seu poder, Seu amor podem curar.

Sabemos que o diagnóstico de câncer pode provocar mudanças importantes no paciente, entre elas na sua espiritualidade. Como fazer, se possível, para resgatar a espiritualidade perdida durante o tratamento oncológico?

A espiritualidade de verdade nunca se perde. É preciso não confundi-la com regras e crenças religiosas que necessariamente não proporcionam fé e sentido diante dos acontecimentos que vivemos. Muitas vezes acontece que a pessoa dá um tempo na participação de rituais ou rezas, mas no fundo sabe que tem para quem recorrer quando quiser. Sabe também que Deus nunca abandona ninguém.

Pode sim, surgir um sentimento de raiva ou revolta que denominamos de sofrimento espiritual que precisa ser resolvido. Necessariamente não quer dizer que a pessoa tenha perdido totalmente sua fé.

Podemos falar de dicas e orientações para isso?
Em primeiro lugar é preciso identificar: Quem é Deus para aquela pessoa? Qual tem sido sua relação com Ele? Quantas vezes sentiu Seu apoio e Sua presença em sua vida?

É importante refletir qual foi a importância da crença em Deus ao longo da vida. Essa crença trouxe esperança, vontade de lutar diante das dificuldades? Tornou você mais forte?

Caso sim, a melhor dica talvez seja você ter a coragem de falar para Deus toda sua revolta. Todas as suas dúvidas e medos. Afinal, a gente só briga com quem a gente se importa e acredita que vale a pena resgatar a amizade e confiança.

E, finalmente dizer como é importante a presença Dele durante todos os tratamentos.

Poderia comentar sobre seu trabalho de psico-oncologista frente aos pacientes com câncer?

Todo o trabalho tem por objetivo despertar e maximizar os recursos emocionais, sociais e espirituais do paciente e sua família para enfrentar com sucesso a doença e seus tratamentos. Trata-se de terapia breve focada na força de enfrentamento de cada um.

Para isso são usadas estratégias cognitivas por meio de conversas quando pensamentos negativos são confrontados e substituídos por outros que favorecem a resolução de problemas e trazem esperança e bem-estar.

Além disso, diversas técnicas podem ser utilizadas dependendo da necessidade de cada pessoa. Entre essas técnicas, podemos citar a arteterapia, a imaginação ativa ou as visualizações, além das técnicas para relaxamento e energização.

Fonte: Oncologia\Oncoguia - Impacto da Espiritualidade na Qualidade de Vida de Pacientes Oncológicos.mht

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

... Nacac-- Núcleo de Amparo a Crianças e Adultos com Câncer...






Projeto de Terapia em Grupo abordando o tema sexualidade e mulheres mastectomizadas com início para fim de agosto, tendo a Assistência Social Nádja Andrade e a Psicóloga Beatriz Guedes de Castro do Nacac como mediadoras

Objetivo
Formar um grupo de mulheres mastectomizadas, para proporcionar a partilha de sentimentos e necessidades das mesmas em seu processo saúde e doença, melhorando a qualidade de vida e obtenção de harmonização interior em uma oportunidade de troca de experiências e amizades resgatando a auto estima, sua imagem corporal, resignificação do corpo mastectomizado.

REPRESENTAÇÃO HISTÓRICA DOS SEIOS

OS GREGOS RELACIONAVAM SEIOS PERFEITOS ÀS DEUSAS.
IMAGENS RETRATADAS POR DIVERSOS PINTORES E ESCULTORES EM TODOS OS TEMPOS.
SIMBOLISMO DE BELEZA, EROTISMO E SEDUÇÃO


No século XVI, Caravaggio pinta o quadro Madona Delle Grazie. Retratou os seios de Madona como fonte de nutrição.
As mamas tem conotação estética erótica do papel feminino ligada à sedução e também ao papel da maternidade, enquanto fonte de alimento para os filhos.

As cirurgias de mama mutiladoras afetam a percepção do próprio corpo, a autoimagem corporal e autoestima. As mulheres sentem-se envergonhadas, desvalorizadas, rejeitadas, isoladas, inseguras e repulsivas para contatos sociais e sexuais.

Holmberg em 2001 realizou estudo piloto com mulheres que tiveram câncer de mama e seus marido revelou que o foco de preocupação entre homens e mulheres são diferentes.

Enquanto as mulheres estavam preocupadas com a perda da mama, dos cabelos e com sintomas provocados por alterações hormonais, os homens se preocupavam com a perda potencial da parceira e o medo e ansiedade associados a essa perda.

A preocupação com o relacionamento sexual apareceu em segundo lugar, independentemente do gênero e ambos relataram a importância da orientação na área sexual, após o câncer de mama.

O PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE

A sexualidade é regulada não só pelos padrões sociais, mas também por aqueles que detém o poder, no caso os profissionais de saúde, que acabam ditando conceitos do que é permitido ou não na esfera sexual e reforçam a filosofia de Foucault de que o saber é poder, passando a área da saúde a atuar também como órgão regulamentador da sexualidade (FOUCAULT, 1988 apud GRADIM, 2007)

PAPEL DO PROFISSIONAL DE SAÚDE> Expectativa de sentir-se cuidada/acolhida
 Necessidade de estimulação frente ao tratamento
 Espera de informações sobre a doença e tratamento
 Suporte às famílias
 Preparação psicológica para a cirurgia e alta
Grupos de reabilitação, preparo para retorno a vida social e sexual.

FATORES QUE AFETAM A SEXUALIDADE PÓS CÂNCER DE MAMA

♦ Conflitos com a identidade sexual. Ex.: dificuldade em se olhar no espelho, não se sentem mais atraentes.
♦ Alterações na imagem corporal. Ex.: desconforto com as roupas, etc.
♦ Sentem-se desfiguradas.
♦ Preocupação com a percepção do parceiro, medo de não corresponder às demandas sexuais do mesmo.
♦ Incerteza sobre sua saúde e vulnerabilidade do organismo.
♦ Sintomas relacionados a doença/tratamento como, náuseas, vômitos, dor e cansaço ou ainda o linfedema.

♥ A história pregressa da vida sexual do casal irá
influenciar na readaptação do par.
♥ A qualidade na comunicação do casal: cumplicidade e intimidade.
♥ Muitas vezes a preocupação é mais da mulher.
♥ É indicado que o médico aborde o assunto.
♥ Indicação de outros profissionais: psicólogos e terapeutas sexuais.
♥ A qualidade da vida da paciente após o diagnóstico e tratamento influenciará.