domingo, 9 de agosto de 2009

Humanização




Síntese do Livro Psicologia Hospitalar, a atuação do psicólogo em hospitais - Terezinha Calil Padis Campos

A palavra Hospital possui um significado, segundo autores, de hóspede, dando origem na antiguidade ao lugar onde indivíduos se hospedavam. Em decorrência a ocupação de pobres, incuráveis e insanos, antigamente considerado uma espécie de depósito em que amontoavam pessoas doentes, este lugar passou a ser chamado de hospício, designando por muito tempo: hospital de psiquiatria.
Com o desenvolvimento da medicina, de acordo com as regiões, o Hospital assume determinadas características desde construções de valetudinários no qual consistiam em modestas enfermeiras para atendimento de guerreiros até ao pronto atendimento dos doentes, como nos atuais ambulatórios, sem regime de internação, chamados na antiguidade Tabernae Medicae.
No século XI na Inglaterra criou-se o primeiro hospital geral com finalidade principal, a restauração da saúde, no qual os primeiros hospitais foram criados como locais de isolamento, onde o paciente com maiores recursos tratavam-se em suas casas.
A primeira instituição hospitalar destinava-se ao tratamento dos doentes com desenvolvimento das atividades de natureza curativa, onde se aplicava mais à abordagem dos problemas de saúde das comunidades, havendo necessidade de um segundo tipo de instituição, destinada a prática da natureza preventiva, ligada ao poder público, onde no decorrer do desenvolvimento das atividades preventivas, o hospital procurava limitar cada vez mais as atividades curativas, criando uma divisão ao atendimento das atividades de natureza curativa e preventiva.
Assim de acordo com o Ministério da Saúde,o hospital é parte integrante de uma organização médica e social, cuja sua função consiste proporcionar à população assistência tanto curativa quanto preventiva, também sendo um centro de investigação biopsicossocial.
É necessário, segundo a autora conhecer o hospital em seu desenvolvimento como prestador de serviços no campo assistencial, atividades para prevenir doenças e proporcionar meios de pesquisa.
As funções do hospital, como enumera a autora, poderiam ser agrupadas em: prestação de atendimento médico e complementar aos doentes de regime de internação, desenvolvimento de atividades de natureza preventiva, participação de programas de natureza comunitária divulgando conceitos de promoção, proteção e prevenção da saúde. A educação em saúde abrange o doente internado ou de ambulatório e seus familiares. Além disso, há programas de educação em saúde destinados aos próprios funcionários, que são membros da comunidade e agirão como veículo multiplicador das orientações recebidas.
Para os doentes internados e/ou de ambulatório, o conteúdo programático pode se referir a própria doença, aos medicamentos que lhes são ministrados, às orientações que irão receber para cuidados posteriores a seu relacionamento com seus familiares ou estranhos, a cuidados alimentares e dietéticos, a exames complementares que deverão ser solicitados.
Outra função seria a integração ativa do sistema de saúde, onde uma equipe multidisciplinar e/ou interdisciplinar constituirá o quarto poder dentro do hospital.
No século XX, o hospital se amplia servindo toda a comunidade, abrangendo a saúde do indivíduo e toda a comunidade, no hospital existe pólos do poder, o grupo de médicos tem a condução do tratamento dos doentes tendo certa autonomia, a segunda fonte é representada pela administração, e a terceira fonte fica então sendo a direção do hospital, tendo então o psicólogo atuando também em qualquer dos pólos.
A questão da autoridade na instituição hospitalar é uma questão a ser discutida, no hospital existe uma hierarquização de (poder e autoridade), onde todos tem direitos, mas também deveres e responsabilidades.
Falando de hospitais públicos, o paciente se submete ao enfrentamento de filas, a aceitar a rotina imposta nas consultas e encaminhamentos e acatar os tratamentos impostos, se for internado o mesmo tem que abdicar da companhia de familiares, muitas vezes pode chegar a perder sua identidade pessoal, passando a ser números de prontuários.
Os pacientes atendidos em hospitais públicos, sendo contribuintes previdenciários, nem sempre vem a corresponder as necessidades reais que precisam, justamente por falta de funcionários, condições materiais inadequadas ou assistência precária.
A saúde da população exige de uma equipe de saúde, uma revisão de seus valores acadêmicos, pessoais e até sócio políticos, porque existem questões políticas e econômicas que ficam subjacentes às manifestações da instituição e que interferem de modo marcante no atendimento à população.
O paciente encara a doença como uma agressão externa, uma punição, ou ainda, limitações que a doença impõe às atividades do indivíduo, ocorrendo sentimentos de culpa.
A internação é uma ruptura da história do indivíduo que sofre diante da imagem de si, a questão médico e paciente deve ser enfatizada, o momento de uma comunicação de um diagnóstico deve ser permeado de respeito, ética, cuidado e zelo, isso requer do profissional, além de recurso técnico, também recurso humano, onde, muitas vezes, este também é um momento delicado e difícil para o profissional.
O principal objetivo do sistema médico é o auxílio às pessoas a adquirir melhor saúde física, ampliando assim sua percepção em torno das formas disponíveis para solucionar doenças, reduzir limitações e sofrimentos.
O indivíduo na sua condição de paciente fica sujeito ao domínio de uma estrutura hospitalar e ao poder dos profissionais que agem, muitas vezes ferindo a autonomia e a tomada de decisões do próprio paciente.
O processo de internação, pode ser entendida como agressão, onde a instituição reforça a condição de dependência.
Os direitos do paciente tem suma importância . em alguns lugares do mundo se defende que os pacientes devem saber de tudo o que se passa, conhecendo a sua doença até seu prognóstico. Em outros lugares, os médicos preferem guardar o diagnóstico e só revela-lo em casos especiais e para a família do paciente. Receber seu diagnóstico é um direito que o paciente tem, assim como olhar seu prontuário.
O momento do recebimento do diagnóstico é delicado, quando, dependendo da estruturação subjetiva do paciente, este pode afetar ainda mais seu quadro de saúde, levando muitas vezes ao agravamento destes.
A atitude do médico para com o paciente consiste numa relação de sentido psicoterápico, quando médicos em seu exercício de sua profissão devem saber sobre a importância de seu comportamento, gestos, palavras dirigidas, numa relação humana com o paciente, relação esta aberta, flexível de respeito e responsabilidade de ambas as partes, principalmente diante da revelação de um diagnóstico.
Código de ética do hospital brasileiro como ressalva a autora, apontam as responsabilidades do hospital em relação à vida e à recuperação da saúde dos pacientes, onde a pessoa é a razão de ser de toda a atividade humana, aplicando as instituições públicas e privadas, incumbindo o preservar, manter e recuperar a saúde.
A assistência psicológica se refere ao atendimento a pessoa doente, envolvendo também uma equipe que presta seus serviços, vivenciando as dificuldades do paciente e atuando em seu estabelecimento.
A psicologia como área de estudos e atuação em saúde, avança nos estudos dos componentes e fatores biopsicosociais, que atuam paralelamente ao desenvolvimento de tal patologia e que afeta o paciente como um todo, buscando causas e respostas, com objetivo de prestar assistência ao atendimento eficaz à pacientes hospitalizados, assim como a comunidade em geral através de campanhas voltadas a medidas preventivas, ou seja, atuando através de atenção primária em saúde.
O psicólogo na instituição hospitalar busca propiciar aos pacientes hospitalizados a minimização do sofrimento emocional que o processo da doença e a hospitalização desencadeiam no paciente. O psicólogo deve intervir com o paciente, tentando estabelecer um equilíbrio nas relações entre profissionais, pacientes e familiares, estabelecendo uma escuta atenta, levando assim o paciente a refletir sobre o significado do adoecer, mobilizando então recursos próprios de cada paciente para seu processo de restabelecimento.
Com a doença, surgem os meios de defesa psicológica, tendo por finalidade a luta contra angústia, ansiedade, culpa e preocupação frente à doença, estabelecendo assim um novo modo de relação: o paciente doente consigo próprio. Os sintomas emocionais surgem em qualquer fase de uma doença, portanto a presença do psicólogo hospitalar se faz necessário, pois quando um paciente possui uma doença, trás consigo significados e sentimentos que interferem, alteram e determinam o processo vivenciado pelos mesmos, pois a maneira como cada pessoa reage a uma doença depende de múltiplos fatores como: características de personalidade, história de vida, crenças pessoais, estado emocional, organização de capacidades defensivas, interpretação que faz do que lhe esta acontecendo, forma como vivencia a doença e a situação de internação, capacidade de tolerar frustrações, vantagens e desvantagens advindas da posição de doente, projetos de vida, apoio que possa receber e aceitar as relações que estabelece consigo mesmo, com seus familiares e com a equipe.
É de fundamental importância criarem-se equipes multi e interdisciplinares, no sentido de haver uma orientação conjunta quanto à forma de atender qualquer demanda que apareça, estudando-se casos, utilizando o mesmo linguajar frente à equipe multidisciplinar, evitando assim distorções na comunicação com os pacientes e sua famílias.
O psicólogo torna-se então agente humanizador que compreende e utiliza suas técnicas e habilidades para lidar com o paciente, que muitas vezes encontra-se em estado de culpa, tensão, medo, angústia, anseios decorrente da internação, que poderá provocar diversas implicações, sejam emocionalmente ou fisicamente.
O papel do psicólogo é contribuir para a reestruturação do paciente, possibilitando um restabelecimento físico e psicológico.
Um suporte psicológico é essencial num momento de dúvidas e incertezas, possibilitando que o psicólogo pontue aspectos que em meio aos desafios provocados pela situação de estar doente. Dar assistência ao paciente é, sem dúvida, tão importante como proporcionar o melhor tratamento medicamentoso.
É necessário que o profissional psicólogo leve ao paciente o conhecimento de suas potencialidades, fazendo-se perceber em torno das relações com suas atitudes e experiências próprias, fortalecendo assim suas possibilidades de enfrentamento diante situações de crise.
Assim sendo, o psicólogo ajudará o paciente a entrar em contato com seus próprios medos, para então expressar seus sentimentos, onde o paciente trabalhado deverá conseguir apresentar mudanças consideráveis em relação à doença e à vida e o psicólogo que atua em hospitais busca a promoção, prevenção e recuperação do bem estar físico e emocional do paciente hospitalizado, e também tem por função o auxilio na orientação a família em todo processo de doença e hospitalização.

Assista abaixo um belo vídeo sobre Humanização da Saúde.

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