segunda-feira, 23 de maio de 2011

Psico-Oncologia, Apoio Emocional para o Paciente e Família no Enfrentamento do Câncer




Vera Anita Bif (Psicóloga)

Cuidar das emoções é tão importante quanto o cuidar do físico, principalmente se este for abalado por um diagnóstico de câncer.

Apesar de hoje já se poder falar em “cura” para o câncer graças aos progressos alcançados nas áreas de diagnóstico e terapêutica precoces, ainda é grande o impacto da palavra câncer ligada ao estigma de sofrimento, mutilação e morte.

A palavra câncer é empregada para designar um grupo de doenças que se caracterizam por anormalidades nas células e por sua divisão excessiva e descontrolada.

Sua etiologia é multifatorial. Para que um câncer se desenvolva é necessária a atuação de diversos fatores que vão desde a predisposição genética, a exposição a riscos ambientais externos, determinados vírus e fatores outros.

O câncer pode ser considerado cada vez mais um fenômeno não só biológico, mas também psicológico e social em toda sua amplitude, pois pode acarretar isolamento, negação da doença e uma resistência muito forte frente ao tratamento que também é revestido pelo pré-conceito de sofrimento e dor. Tanto o paciente como a família deveriam ficar aos cuidados de uma equipe multiprofissional, pois a família recebe o diagnóstico junto com o portador, sofre, vibra e torce em cada fase do tratamento. Daí a necessidade imperiosa de se cuidar também da família que possui duplo papel, cuidadora e merecedora de cuidados. É necessário estarmos atentos a todos os fatores e sentimentos que norteiam o cuidar para que a família possa repassar ao paciente uma qualidade de cuidados melhor e uma qualidade de vida mais digna a todos os envolvidos no processo de tratamento.

Viver mais com qualidade de vida e viver com qualidade de vida no câncer.

A maioria dos pacientes com câncer pensa ser invadido por um mal muitas vezes doloroso que ataca a sua integridade e a de sua personalidade, e esta doença constituí uma ameaça não só para sua existência física, mas também psíquica.

A grande maioria dos pacientes com diagnóstico de câncer não tem conhecimento adequado sobre a doença, sobre os tratamentos disponíveis bem como os possíveis efeitos colaterais. A informação correta e fidedigna repassada ao paciente e família é terapêutica e resulta numa adesão e resposta maior do paciente ao seu tratamento. À família transmitir com clareza conhecimentos que lhes permita assumir com segurança o apoio emocional e técnico a função de cuidadores.

Do ponto de vista psicológico o doente e a enfermidade se confundem, pois o câncer afeta a personalidade do paciente, isto é, altera a visão de sua imagem interior, que foi formada ao longo de sua existência.

A relação paciente/equipe de saúde que o assiste deverá não somente focar a doença, mas também dedicar-se a supressão do sofrimento subjetivo e principalmente lutar contra o medo do câncer, quer nos doentes portadores deste mal, quer naqueles que são altamente vulneráveis em seu psiquismo e transformam uma possibilidade, a de ter câncer, em um “fato” fantasioso.

Um modo objetivo e direto de atendimento, que apenas considera a alternativa “sobreviver ou morrer” não leva em conta a qualidade de vida e muito menos a personalidade do doente, seus sofrimentos, angústias e, sobretudo as suas fantasias, ilusão erroneamente sentida pelo médico o qual acredita que seu paciente espera dele somente que os cure ou afaste a morte por mais algum tempo.

Para que uma relação médico-paciente seja sólida e válida no plano terapêutico, o médico deve ser capaz de uma identificação com o doente e com a comunidade familiar, não se limitando a um diagnóstico e a um tratamento, pois quanto mais fortes forem os sentimentos de receio, pânico e desespero do doente e familiares, mais eles desejam encontrar na figura do médico, e em toda a equipe, a calma e a segurança. Pode-se dizer que, a presença compreensiva do médico à cabeceira do doente é, portanto, mais útil que qualquer “droga”.

A Psico-Oncologia, área de interface entre a Psicologia e a Oncologia, vem atender à ampla gama de aspectos psicossociais que envolvem o paciente de câncer. Estuda ainda o impacto deste diagnóstico no psiquismo do paciente e em toda sua família.

Sua abrangência vai da pesquisa ao estudo de variáveis psicológicas e sociais relevantes para a compreensão da incidência, da recuperação e do tempo de sobrevida após o diagnóstico do câncer.

Neste cenário a Psico-Oncologia surge com o objetivo maior de oferecer ao paciente e família e ainda a toda a equipe de saúde envolvida no tratamento, apoio emocional que lhes permita enfrentar a doença melhorando a qualidade de vida em todos os estágios, desde a prevenção, diagnóstico, tratamento, cura e/ou cuidados paliativos.

O fortalecimento do estado emocional proporciona ao paciente maior adesão ao tratamento e melhor resposta física, assim como mais equilíbrio, entendimento e como desdobramento destes fatores, uma melhor dinâmica familiar.

A dimensão do cuidar do paciente oncológico caracteriza-se pela importância do cuidar sobre o curar; exige atitudes humanas, não apenas analíticas, compreensíveis e essencialmente científicas; ver não somente a doença, mas o que existe de sadio em nosso paciente.

É importante que desde o início o paciente se envolva integralmente com o tratamento sendo um participante ativo e não passivo de seu processo de cura.

Envolver-se nesse caso é entender que a cura não significa somente algo que me é dado de fora para dentro, mas que exige do paciente mudanças significativas que vão desde mudanças de hábitos de vida diária como, por exemplo, a inclusão de uma alimentação saudável, se eximir de vícios, a prática de exercícios moderados mas constantes, a tomada de consciência de que suas decisões são soberanas e que vão fazer o grande diferencial de escolha para uma resposta significativa de seu corpo. Somos o que comemos, mas também o que fazemos como agimos e no que pensamos.

FONTE: http://www.oncoguia.com.br/site/interna.php?cat=134&id=496&menu=2

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