quinta-feira, 24 de março de 2011

ARTETERAPIA.. última parte!!!



Conclusão

Nota-se que no movimento, desde a chegada do psicólogo na sala de espera, criação de vínculo, proposta da atividade até a discussão ou não do que foi produzido, pode proporcionar um ambiente e um momento potencialmente terapêutico, visto que o acesso a conteúdos significativos foi motivado através das produções e de todo o processo.
Verificou-se que o desocultamento do ‘ser’ ocorreu através das produções, pois
possibilitou que através dos materiais e propostas, os participantes tivessem acesso a conteúdos mais próprios, no sentido existencial.
Não foi possível verificar a retomada da linguagem interrompida uma vez que o
processo arteterapêutico possibilitou um trabalhar mais individualizado, na qual cada indivíduo ficava focado na sua produção, diferente se a proposta fosse para a realização de um trabalho em grupo.
O fato de o trabalho ter sido realizado de uma forma mais individualizada, não quer dizer que este não possa ter sido elemento propulsor para resignificações, uma vez que esta pode ocorrer quando o sujeito, trabalhando em grupo ou não, entra em contato com seus valores, significações, e experiências.
A verbalização das resignificações ocorreram durante todo o processo. Após as
atividades a permanência dos pacientes na sala de espera, possibilitava esta troca de experiência na qual muitas das vezes eram exemplificadas com falas e sentimentos elucidados durante a elaboração da atividade.
Com este compartilhar das experiências e sentimentos elucidados nas atividades,produções, verbalização e relatos, perceberam-se que ocorrera uma identificação entre os pacientes, uma vez que grande parte dos participantes tinham características em comum, como por exemplo o tratamento de câncer. Este compartilhar possibilitou o autoconhecimento,
o reconhecimento e a identificação de sentimentos.
A identificação de dificuldades, sentimentos, dificuldades e formas de enfrentamento da doença no outro possibilitou, em vários momentos, que a troca de experiência viesse a acrescentar e suportar a angústia, tristeza e dificuldade sentida por outro paciente, dando assim maior sustentação em sua experiência e possibilitando a abertura para um novo (re)significar.
Notou-se que após algumas atividades e discussões alguns pacientes apresentaram um nível maior de reflexão e enfrentamento da doença. Percebeu-se que esta melhora ocorreu não somente nos aspectos que diz respeito ao tratamento de câncer, mas também em outras situações em que os pacientes se encontravam como relacionamentos familiares, problemas
financeiros e dificuldades diversas.
Através dos relatos ficou evidente que o fazer arteterapêutico possibilita que o
participante entre em contato com sentimentos e questões “subjetivas”, possibilitando um reconhecimento de si na obra. Esta obra que, pelo olhar da pessoa que realizou, passa a ser ele.
O artista, participante que realizou a obra, se reconhece na obra como sendo dele os sentimentos que ali desvela, assim como também na obra ele pode se apropriar desta como sendo continuidade de sua existência.
Acredito que o desenvolvimento deste trabalho possa proporcionar maiores
possibilidades de atuação do Psicólogo Hospitalar. Além de utilizar os atendimentos nos modelos tradicionais, poderá, com o recurso da Arteterapia, obter ganhos que poderiam parecer inicialmente inatingíveis.
Penso que esta inicialização poderá contribuir grandemente para o meu crescimento profissional e pessoal, incentivando a dar continuidade às pesquisas relacionadas ao tema referido.
Creio que as atividades realizadas possam facilitar as expressões de sentimentos,angústias, anseios, desejos, medos e expectativas, podendo assim viabilizar a troca de experiência a ressignificação de valores atribuídos durante a vida para aqueles sujeitos que puderem se servir desta nova ferramenta que ora se propõe e apresenta.


Mauro Lana Vieira
Instituto de Psicologia Ser Humano
[maurolv@yahoo.com.br]

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