terça-feira, 21 de junho de 2011

CONTRIBUIÇÕES DA ABORDAGEM GESTÁLTICA PARA ATENDIMENTOS DE URGÊNCIA EM UM HOSPITAL DE PRONTO SOCORRO


Compartilhando... ótimo texto!!
Sandra Maria Moreira de Menezes
A gestalt-terapia - GT - tem em suas bases filosóficas o humanismo, o existencialismo, a fenomenologia e a dialógica buberiana, que se mostram vinculadas entre si, delineando uma percepção de ser humano com potencial para o saudável, o crescimento e auto-realização, ainda que, por vezes, se mostre disfuncional no seu modo de ser-no-mundo.
Este viver, por sua vez, é compreendido pelo psicoterapeuta através de um olhar existencial, considerando-o um ser de possibilidades, livre e responsável pelos rumos que caminha para concretizar-se enquanto projeto. Apreende-se da fenomenologia e da dialógica respectivamente, uma metodologia para abordar essa existência e um modo singular de estar com o outro durante o atendimento psicoterápico, que é balizado por atitudes de respeito e confirmação em relação ao cliente.
Fala-se da Teoria de Campo como uma forma de compreender o modo como uma pessoa lida com as escolhas sobre as diferentes áreas da sua vida, pode-se falar da Teoria de Campo. Kurt Lewin afirma que as atividades psicológicas das pessoas acontecem em um campo chamado Espaço Vital - EV -, que é a representação das necessidades do sujeito em contato com o ambiente. Esse campo é formado por variáveisbiológicas,psicológicas e sociais, onde atuam, também, forças propulsoras de mudança e que, na medida em que se dinamizam, durante a existência do indivíduo, promovem uma redefinição do campo em regiões ou zonas, estabelecendo fronteira entre elas. Existem, ainda, forças frenedoras,que atuam como barreiras ou obstáculos à locomoção (KIYAN, 2001).
Portanto, há um novo paradigma pelo qual se compreende o indivíduo, suas interações com o mundo e consigo mesmo,com possibilidades de vê-lo de modo integrado, validando sua liberdade existencial, pois, o que se destaca do campo em termos de necessidade, depende da consciência intencional do ser, que a prioriza conforme sua percepção. Considera-se ainda que o conceito de EV na psicoterapia subsidia uma prática que tem como ponto de partida a pessoa do cliente como realidade primeira desse campo total para “... tentar entender como as coisas ocorrem aqui e agora, sem perder de vista as possibilidades do futuro, [mas também], não deixar que [representem uma] predição do comportamento”(RIBEIRO, 1999, p.62).
Conceitos centrais em gestalt-terapia

Percebe-se que os conceitos centrais em GT se expressam por uma interdependência entre si, semelhante ao que acontece na relação figura-fundo: quando um construto está em relevo, os outros estão ao fundo. Assim, parte-se do conceito de contato, considerando-o como vital para o crescimento e modificação das experiências que a pessoa tem do mundo. É gerado por uma energia de excitamento que se manifesta a partir da emergência de necessidades - físicas e/ou psicológicas - e que poderão, ou não, encontrar meios de satisfação pelo contato. Implica a existência de umafronteira
que delimita e une, diferencia e assemelha, aceita e rejeita, em um movimento processual e dialético. Há um limite real entre o “eu” e o “não-eu”. É, portanto, na fronteira entre pessoa-meio que o contato acontece (POLSTER E POLSTER,1979; GINGER E GINGER, 1995).
A descrição acima caracteriza um ajustamento criativo funcional, no qual há consciência, por parte do sujeito, de suas necessidades, priorizando-as conforme uma hierarquia de valores e dominância. Tem-se, portanto, um funcionamento saudável, no qual as necessidades/figuras emergem de modo energizado e definido, a ponto de mobilizar a pessoa em uma direção, relativamente, segura para a satisfação, possibilitando “... estabelecer contatos enriquecedores e interrompê-los quando tóxicos e intoleráveis” (FRAZÃO, 1999; CIORNAI, 1995, p.74). Isso depende do movimento de awareness do sujeito em relação aos vínculos que estabelece e aos significados que atribui a si, ao mundo e às pessoas,pois estar aware é “... aperceber-se do que se passa dentro e fora de si no momento presente, tanto a nível corporal,quanto mental e emocional” (FRAZÃO, 1999, p.28).
Quando a awareness das necessidades é parcial há pouca habilidade para hierarquizá-las em uma “escala” de prioridades, levando o sujeito a se direcionar para atividades desnecessárias, sem, muitas vezes, concluí-las, temos um
ajustamento criativo disfuncional. Assim, em um funcionamento não-saudável as necessidades/figuras emergem pouco energizadas e pouco definidas, a partir de uma percepção distorcida, inviabilizando contatos criativos com o ambiente através de atitudes anacrônicas e repetitivas (FRAZÃO, 1999). Por isso, entende-se que a saúde e doença são vistas como nuances em um continuum e que, dependendo dos ajustamentos criativos estabelecidos entre o sujeito e seu meio,pode se manifestar mais ou menos funcional (RIBEIRO, 1997). Para Perls (1977, p.20), saúde é “... um equilíbrio
apropriado da coordenação de tudo aquilo que somos”.

continuação amanhã......

Um comentário:

  1. Oi Beatriz!
    Obrigada pela referência ao meu artigo de Psicologia Hospitalar no seu blog.
    Convido-a a acessar meu novo blog:
    http://consultoriosandramenezes.blogspot.com/2011/09/blog-post.html.
    att,
    Sandra Menezes

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